Precisamos falar sobre diversidade nas empresas

Estamos vivendo um momento de transição muito significativo. Acredito que esse processo está enfatizando a necessidade das empresas olharem com um pouco mais de cuidado para alguns temas importantes, como por exemplo, a sua diversidade.

Quando falamos de diversidade nas empresas, estamos compreendendo qualquer que seja essa organização como um fenômeno social. E, portanto, que existe a partir de um agrupamento de sujeitos que acordaram trabalhar na realização de propósitos, metas e objetivos, em comum. Esse grupo de pessoas, composto em algum nível por sujeitos únicos, carrega uma história que reflete o quanto e como cada um teve acesso às oportunidades, aos recursos de educação, saúde, vivência familiar. E também, a quais fatores de vulnerabilidades estiveram expostos ao longo de seus caminhos. Todos esses aspectos de suas histórias se inter-relacionam e moldam as suas formas de enxergar o mundo: que é única, que é exclusiva.

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES X DIVERSIDADE

Quando selecionamos uma pessoa para integrar o nosso time, precisamos ter claro que todas as experiências e vivências que cada pessoa teve até ali, até o momento em que se candidatam para nossas vagas, constroem algo que é particular. E isso, inclusive, fortalece a ideia de que nesses processos de seleção as pessoas não estão competindo de igual para igual. Afinal, as experiências e habilidades mais estimadas, podem ter acontecido nos mais diversos cenários.

Isso nos faz pensar que tais habilidades e expertises comumente valorizadas nem sempre vão ser desenvolvidas a partir das mesmas experiências, nem com os mesmos recursos, nos mesmos contextos. Podemos citar as competências empreendedoras, tão apreciadas e desejadas nesse momento de transição. Elas não são desenvolvidas apenas em ambientes ricos de recursos educacionais. Podem inclusive ser evoluidas em ambientes de extrema escassez, ou a partir de contextos em que estiveram presentes muitos aspectos de vulnerabilidade.

Vale mencionar também as experiências com intercâmbios, que sempre são valorizadas por serem muitas vezes entendidas como uma oportunidade em que o candidato buscou novas vivências e foi levado a enfrentar novos desafios. Isso pode ou não ter acontecido. Ou, tais habilidades e experiências podem ser desenvolvidas também sem a necessidade de sair do país. Pode ter acontecido quando a família precisou se mudar várias vezes por não ter sua casa própria, por exemplo.

RESULTADOS X DIVERSIDADE

De acordo com uma pesquisa do “Delivering Through Diversity”, em 2014 cujos dados foram ampliados em 2017, pela mundialmente conhecida McKinsey & Company – empresa multinacional de consultoria estratégica –   empresas que contam com maior variabilidade de gênero nos cargos executivos são 21% mais propensas a ter uma lucratividade acima da média do que as empresas com menos deste atributo. No mesmo sentido, as empresas com maior diversidade cultural e étnica têm 33% mais probabilidade de serem rentáveis.

Podemos analisar uma centena de fatores que corroboram para resultados e dados como estes. Mas todos eles certamente estariam de alguma forma relacionados ao fato de que a diversidade cultural promove potencialmente formas muito distintas de ver o mundo.  E com isso, muito mais variáveis são vistas, são gerenciadas.

Quando nós abrimos as portas das nossas empresas para a diversidade, estamos aumentando muito as chances de soluções, de ideias, de estratégias, de empreendedorismo, de inovação.

Dessa forma, na hora de realizar um processo seletivo, de ofertar oportunidades dentro de nossas empresas, precisamos refletir se estamos olhando para o ambiente em que as pessoas se desenvolveram ou para quais foram as habilidades que as pessoas desenvolveram a partir daqueles ambientes. Sempre será mais enriquecedor construir times que foram formados a partir de experiências, ambientes e histórias distintos. Existe muito mais valor nas diferenças do que podemos imaginar. Quer fazer um processo seletivo que selecione a diversidade? Então olhe para as pessoas e para a história comportamental delas.

Por |2022-11-15T21:44:28-03:0009/04/2019|diversidade|

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Me graduei em Administração (UIT) e em Psicologia (UFMG) com Mestrado em Cognição e Comportamento (UFMG). Atualmente sou doutoranda em Cognição e Comportamento (UFMG). Tive meu primeiro negócio em 2007, e não parei mais de empreender. Desde 2015 realizo pesquisas sobre comportamento empreendedor e produzido metodologias para desenvolver pessoas em ambientes de inovação. Nada me deixa mais feliz do que estar na companhia de pessoas que amo falando sobre o que realmente importa na vida.
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