O QUE O MUNDO DOS NEGÓCIOS TEM A APRENDER COM A COMÉDIA

No mundo de negócios sempre se fala muito sobre as equipes multidisciplinares. Mas porque elas são importantes e o que isso tem a ver com o tema?

A medida que crescemos, passamos pela universidade e/ou vamos para o mercado de trabalho, começamos cada vez mais a nos especializar.

Imagine alguém que seguiu a vida acadêmica:

  • Graduação em Ciências Biológicas
  • Estágio em microbiologia
  • Mestrado em microbiologia ambiental
  • Doutorado em microbiologia ambiental aplicada ao setor petroquímico

Ou alguém que foi para o mercado

  • Graduação em engenharia
  • Estágio em empresas de mineração
  • Trainee na Vale
  • Carreira na área de manutenção de linhas de produção de extração de bauxita

A medida que vamos crescendo vamos nos especializando em algo. E como isso, começamos a cada vez mais conviver com pessoas que pensam quase da mesma maneira que você.

Socialmente isso é ótimo. Temos uma tendência a nos relacionar melhor com pessoas que pensam parecido conosco. Mas no mundo da inovação isso é péssimo. Se todo mundo pensa igual, a chance de durante um brainstorm alguém sugerir algo realmente inovador é baixa.

Por isso, acredito em um conceito do Design Thinking chamado T-shaped people:

 

O conceito de T-shaped people é simples porém poderoso. Todos nós somos compostos por duas grandes áreas. O nosso eixo vertical corresponde àquelas coisas que somos “especialistas”. Nossa formação acadêmica, nosso trabalho, etc. O nosso eixo horizontal corresponde àquelas coisas que fazemos por hobby e nos conectam a coisas e pessoas distantes do nosso dia a dia. Esporte, cultura, trabalhos manuais, etc. Por exemplo: um arquiteto especializado em aprovações de construção na prefeitura pode ser também um ótimo jogador de peteca aos finais de semana.

Isso é importante, porque esse nosso lado horizontal, nos conecta com pessoas diferentes do nosso dia a dia e que podem ser fonte de novas visões sobre o mundo.

Dentro desse conceito, eu: Biólogo, especialista em gestão e há 10 anos trabalhando com inovação, tenho como lado horizontal a comédia. Adoro ver vídeos de humor no youtube, assisto a peças de teatro sobre o assunto, quando era criança tive livros do Ary Toledo e Costinha, era fã do Casseta e Planeta, conheço referências como Monty Phyton e Jerry Seinfeld, enfim, esse é o meu lado “B”.

Mas será que esses dois mundos conseguem andar paralelos?

Bem, encontrei alguém que acha. O Murilo Gun, conhecem?

Há mais ou menos 1 ano, vi um vídeo dele falando sobre um novo conceito Comedy, Thinking, mostrando que a forma do comediante pensar tem tudo a ver com criatividade. Comecei a pensar como isso tem a ver não só com criatividade, mas também com inovação de uma forma mais ampla

Vou começar explicando como a comédia tem a ver com inovação com um exemplo do próprio Murilo Gun:

 

E ai? Qual a diferença?

É simples:

Existem várias

  1. A baiana é um ser humano e o tatu não
  2. A baiana usa roupas e o tatu não
  3. O tatu tem um casco e a baiana não

E por ai vai…

Não gostou ou estranhou a resposta? Esperava alguma piada?

Quando escutamos algo como: O QUE É, O QUE É? QUAL A DIFERENÇA? tendemos a ligar o lado subjetivo do nosso cérebro, deve ser alguma piada, vou pensar em algo inusitado.

No dia a dia, fazemos o contrário, ligamos apenas o lado objetivo do cérebro. Imagine quantas situações do seu dia a dia, demandam um pensamento mais subjetivo e você não consegue “ligar” esse lado do cérebro?

COMO VENDER MAIS? QUE NOVOS CLIENTES PODEMOS ALCANÇAR? QUAIS MELHORIAS PODEMOS FAZER NO NOSSO PRODUTO?

Vamos ver como esse liga e desliga do cérebro funciona na comédia?

Um dos gêneros em alta hoje é o standup comedy. Um formato em que os comediantes falam no palco, sem personagens, sozinhos sobre temas do cotidiano. É interessante ver como eles conseguem enxergar absurdos no nosso dia a dia e transformar em piada.

 

O processo de criação é simples:

  1. olhar para o cotidiano
  2. encontrar um problema
  3. exagerar o problema
  4. transformar em piada

No mundo da inovação podemos seguir o mesmo processo mudando apenas o último passo:

  1. olhar para o cotidiano
  2. encontrar um problema
  3. exagerar o problema
  4. desenvolver uma solução para aquele problema

Olha o que o pessoal da positivo fez:

Eles estavam desenvolvendo um novo computador para a população mais carente. O que eles fizeram? Com as técnicas de design thinking visitaram 10 casas no RJ e 10 em SP. Entenderam a vida das pessoas e descobriram dois problemas:

1- As casas dessas comunidades eram muito simples. Tinha 2 cômodos: o primeiro misturava quartos e banheiro. Várias pessoas moravam juntas na mesma casa, então o quarto/banheiro era uma confusão de roupas e demais objetos pessoais. O segundo cômodo era uma mistura da sala com a cozinha. Era super arrumado, uma vez que é o ambiente social da casa.

O computador, quando existia, ficava na sala e era portanto objeto de decoração. Precisava ser bonito

2- A segunda descoberta estava relacionada a quando o computador estragava. Os clientes da positivo nessas comunidades não possuíam carro. Portanto, quando o computador estragava, era muito difícil levá-lo para consertar.

Os clientes da positivo não possuem carro. Transportar o computador é um problema

Para resolver esse problema eles criaram a Linha Faces. Com 2 inovações:

1ª – Alça para transporte. Um sistema simples que permitia transportar o CPU facilmente em caso de necessidade de consertos por exemplo.

2ª – O CPU possuía uma frente de acrílico. Era possível mudar a estampara para combinar com o seu ambiente.

Resultado:

Outro exemplo de como inovação e comédia estão relacionados é o mundo das esquetes:

 

Nas esquetes, é comum unir mundos completamente diferentes para criar humor.

O pessoal do Porta dos Fundos é mestre em fazer isso. No vídeos / link acima, uma esquete do Porta uni os mundos de compra coletiva com prostituição, trazendo algo completamente inusitado.

Misturar dois mundos pode ser uma ótima forma de criar inovação. Imagine por exemplo que você está repensando os processos de uma CTI de um hospital, aonde buscar inspiração?

O pessoal da IDEO (empresa americana de desenvolvimento de novos produtos, serviços e processos) enfrentou esse desafio. Primeiro eles entenderam o cenário. Um CTI de hospital possui 3 características muito marcantes:

  1. Alta pressão de tempo (poucos minutos podem ser a diferença entre a vida e a morte)
  2. Alta qualificação técnica da equipe (todos dentro do CTI tem anos de formação antes de poderem atuar dentro desse espaço)
  3. Alto grau de inovação (cada equipamento dentro do CTI é resultado de anos de pesquisa)

Qual outro ambiente enfrenta esses mesmos problemas?

A fórmula 1 possui as mesmas 3 características:

  1. Alta pressão de tempo (poucos milésimos de segundo podem ser a diferença entre a a vitória ou a derrota)
  2. Alta qualificação técnica da equipe (todos dentro do box de pitstop tem anos de formação antes de poderem atuar dentro desse espaço)
  3. Alto grau de inovação (cada equipamento dentro do box de pitstop é resultado de anos de pesquisa)

Então para usar essa lógica dentro do seu contexto, sugiro um exercício simples:

 

Pense como a sua área de conhecimento pode gerar soluções para outras áreas “inusitadas”. Esse exercício é ótimo para abrir nossa cabeça.

Ahh, antes que eu me esqueça:

A diferença entre o tatu e a baiana é que o tatu cava o buraco. E depois a baiana vatapá!

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Por |2022-11-16T09:33:56-03:0027/02/2018|empreendedorismo, negócios|

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Atuo no mundo da inovação desde 2008. Já atuei em incubadora, consultoria e aceleradora, acelerando mais de 900 startups. Sou formado em Ciências Biológicas e Especialista em Gestão, e por isso gosto de misturar mundos diferentes para trazer mais inovação para o meu dia-a-dia. Coordeno os programas da Troposlab e crio novas metodologias de aceleração, atuando diretamente com mais de 50 grandes empresas. Além disso, tenho um lado nerd (ficção científica, heróis, histórias de aventura, etc).
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