As lições da natureza para as grandes empresas

Será que o ecossistema de empresas ou o ecossistema de inovação têm alguma similaridade com o ecossistema de seres vivos? Que o termo “ECOSSISTEMA” foi inspirado na natureza já sabemos, mas será que há algo mais que conseguimos aprender com a Biologia?

O ecossistema natural que vemos hoje é resultado de milhões de anos de evolução. Nesses  milhões de anos, a natureza vem “testando” constantemente novos modelos e soluções, adicionando cada vez mais eficiência e complexidade a eles, para que os recursos sejam melhor utilizados. Isso leva ao aumento na diversidade de espécies e ocupação de novos ambientes.  

O mercado observado como ecossistema, proposto por James F. Moore, envolve diversos indivíduos e populações diferentes. Estes interagem livremente trocando valores em direção a um ambiente mais organizado e complexo, que segue leis, mas sobre as quais não conhecemos as dinâmicas por completo ou não conseguimos  controlar da forma como gostaríamos. 

A natureza está em movimento constante e, por consequência, tudo nela também está sempre em transformação.

Vamos entender a natureza como um ser ativo, um ser que quer permanecer vivo e abundante. E cada espécie que a compõe em seus ecossistemas quer a mesma coisa, bem como as empresas querem continuar abundantes e vivas em seus respectivos mercados.

Claro que, na natureza, esse objetivo de “ficar vivo” não é consciente, diferente das empresas que ativamente o buscam. Mas independente da intenção, o que acontece é o mesmo, cada um evoluindo para o nicho (de mercado ou ambiental) onde obtêm mais sucesso.

Cada espécie está constantemente aprendendo, propondo novos formatos e novos tipos de relação, ou seja, propondo inovações incrementais e inovações disruptivas que resolvem desafios que surgem. Por exemplo: quando acontece a mudança na temperatura do oceano, milhares de espécies são afetadas e mudam se adaptando a essas novas condições. Da mesma forma, uma empresa se adapta às novas condições do mercado – uma boa maneira de entender isso é pensar como os negócios se adaptaram ao surgimento da internet. 

Além disso, a mudança de uma espécie afeta outras espécies e o ecossistema em si, fazendo com que o cenário esteja em constante modificação.

Vamos entender, por exemplo, como essa interação pode acontecer entre predador e presa:

No parque de Yellow Stone, onde os lobos são os grandes predadores e controlam o ecossistema, se por alguma razão eles forem  eliminados, geraria grande desestabilidade. Entre 1800 e 1850 os lobos foram altamente caçados, sendo quase extintos do ecossistema, gerando desestabilizações a ponto do nível dos rios dentro do parque serem afetados

Dentro da analogia de que empresas são como as espécies, que estão em um cenário diverso e com mudanças cada vez mais rápidas, como ficaria o exemplo dos lobos?

No mundo dos negócios podemos usar a Apple como exemplo de uma grande empresa reguladora de seu ecossistema de negócios. Sua influência gera novos mercados, novas relações comerciais, novos fornecedores, forçando diversas empresas a evoluiírem.  Portanto, sua saída desse ecossistema mataria junto milhares de fornecedores de produtos e serviços em todo o mundo.

Algumas características do “plano estratégico” da natureza ficam muito claras e podemos trazer importantes aprendizados para nossas empresas:

Otimização constante

Sempre buscando o caminho do menor esforço e menor energia, com o máximo de resultado. Cada estrutura na natureza é sempre testada e melhorada para estar no ponto ótimo. Assim, se pode utilizar com mais eficiência os recursos que são sempre limitados. 

Darwin estudou uma espécie de pássaro que habita as ilhas de Galápagos chamada Tentilhão. 

Especiação dos Tentilhões

Inicialmente existia  apenas uma única espécie de Tentilhão, com um único tipo de bico, e essa espécie migrou do continente, onde comia apenas sementes. 

À medida que novos recursos são percebidos e concorrentes chegam à ilha, a competição leva à inovação dos tentilhões. Várias adaptações acontecem, entre elas, novos tipos de bico. A partir disso, quem tinha um bico mais fino podia comer insetos, por exemplo, saindo da grande competição que existia pelas sementes da ilha. 

Esse modelo nos ensina que inovações incrementais e disruptivas já acontecem na natureza, ajudando as espécies a utilizar todo o tipo de recurso alimentar disponível e a manter-se competitivas.

O processo de especiação é o melhor case de gestão de portfólio que você pode estudar.

A seleção natural, nada mais é do que um grande filtro de ideias, tecnologias e produtos da natureza. É um processo com regras bem claras: quem estiver mais adaptado para aquele ecossistema sobrevive. E assim “seleciona” quem sobrevive ou não, quem passa para as etapas mais avançadas do funil de ideias e quem fica para trás.

Como a seleção natural faz isso tão bem? Colocando todas as ideias para interagirem com o mercado o quanto antes, ao invés de tentar construir a espécie perfeita, ou o produto perfeito, deixa que o ecossistema, ou o mercado, defina quem sobrevive e quem fica para trás.

Quais soluções sua empresa poderia testar para ocupar o mercado de forma mais eficiente ou encontrar novos nichos?

Tudo em ciclos

Na natureza tudo acontece em ciclos, não há desperdícios. Os recursos que excedem ou faltam em um processo servem de gatilho para que um novo ou o mesmo processo aconteça, gerando auto-regulação, eficiência e mais resultado.

Não há desperdício pois os processos estão conectados, não são lineares como nossas linhas de produção e consumo. Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

Os vegetais trazem a energia do sol para o ecossistema ao realizarem fotossíntese, estes serão alimentos dos herbívoros, que por sua vez alimentam os carnívoros. Todos eles, ao morrer, serão alimento dos decompositores, e o que os decompositores produzem será utilizado pelos vegetais reiniciando o ciclo, o que  gera recurso constante no ecossistema.

Teia alimentar

Pense na sua empresa. O que é desperdiçado por você talvez seja a matériaprima para outro. A ideia que não tem espaço para na sua empresa, pode ser a inovação disruptiva para o outro. Basta lembrar do exemplo do mouse. Desenvolvido dentro da Xerox, era um projeto descartado. Foi aproveitado pela Apple e conquistou o mercado dos computadores.

A teia alimentar é o melhor exemplo de gestão de processos que você encontrará.

Interdependência

Todo ecossistema de alta produtividade, tem alta taxa de interdependência. Parcerias de todos os tipos acontecendo entre todos os indivíduos, levando a uma maior taxa de reprodução e crescimento.

Para que a otimização e os ciclos aconteçam, as espécies envolvidas, precisam gerar relações benéficas entre elas. Relações com diversos graus de dependência, desde apenas ajudas momentâneas a relações de coexistência, onde um precisa do outro.

Os recifes de corais podem ser um excelente modelo de ecossistema para as empresas se inspirarem. Ocupam menos de 1% do oceano, mas as relações de parceria que existem ali fazem com que 60% das espécies vivam nessa região. Um ecossistema com grande quantidade de recurso, com alta diversidade de soluções e diversos tipos de parceria.

No mundo dos negócios vemos as grandes plataformas como Facebook, Youtube e outros que funcionam como ecossistemas para o surgimento de outras empresas que jamais existiriam sem esse ambiente criado por eles.

O recife de coral é o maior case de inovação aberta e em rede, que você pode encontrar.

A inovação, assim como a natureza, não traz a resposta certa para o problema, mas sim o caminho para encontrar a melhor resposta para o momento. Todo desafio que sua empresa passa pode ser vencido com as metodologias adequadas e a Troposlab pode lhe ajudar trazendo as soluções e estratégias para resolver esses desafios. Vamos conversar sobre os seus desafios? Entre em contato com a gente

Por |2022-11-04T10:39:46-03:0026/08/2020|inovação|

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