Muitos gestores se deparam com vários dilemas dentro do mundo da inovação, um desses dilemas é: se todo mundo está inovando, quem está tocando o dia a dia do negócio?
Nestes casos é comum surgir a solução óbvia, porém perigosa, de que a inovação ficará restrita a um grupo de inovadores escolhidos dentro da empresa. Mas por que essa solução é perigosa?
Em primeiro lugar, ela limita a inovação a uma determinada área ou a um determinado foco. Se escolhemos apenas pessoas de produto para compor o time de inovação, vamos inovar apenas em produto. Outro ponto está relacionado à aceitação da empresa como um todo em relação a inovação. Se essa inovação é algo restrito de uma área ou um grupo de pessoas, o restante da empresa pode ficar acomodado em relação a ter novas ideias, ou ainda pior, pode se tornar repelente à inovação. Um dos grandes problemas que a inovação enfrenta no dia a dia é a resistência que outras áreas impõem para manter o processo atual.
Se esse não é o caminho, talvez a alternativa seja tornar todos inovadores. Assim não existe resistência à inovação e a empresa vai prosperar com milhares de novas ideias todos os anos. A ideia vai para esse lado, mas para que ela funcione é necessário “quebrar” a inovação em tipos de inovação.
Temos a tendência a enxergar um tipo de mudança como inovação. As grandes mudanças de produtos e/ou modelos de negócios. Isso é um tipo de inovação, chamada de inovação disruptiva. Mas não é a única, nem mesmo a principal forma de se inovar. O grosso da inovação nas empresas está no dia a dia, nas chamadas inovações incrementais. Muitas empresas adotam esse tipo de prática com algo já corriqueiro chamado melhoria contínua. Com o detalhe que nem sempre essa é uma prática para a área administrativa da empresa. Trabalham a melhoria contínua nas fábricas e esquecem de fazer o mesmo nos escritórios.
Como então fazer com que inovação seja algo para todos na empresa sem prejudicar a operação?
O melhor caminho observado até então tem sido criar personagens diferentes com papéis permanentes ou situacionais para se lidar com a inovação dentro da empresa:
Times de novos projetos / negócios
Para as inovações disruptivas, o isolamento do restante da empresa em geral tem mais efeitos positivos do que negativos. Separar times multidisciplinares cujo o dia a dia é pensar no futuro tem mostrado resultado. O “isolamento” desses times da estrutura tradicional da empresa é necessário para que as novas ideias não sejam contaminadas pelas limitações impostas por processos atuais da empresa.
Times de projetos pontuais de inovação
Nem todo mundo precisa trabalhar em projetos de inovação o tempo todo, mas alguns projetos exigem um mínimo de dedicação além das atividades de rotina de cada cargo. Muitas empresas realizam projetos de intraempreendedorismo, onde times internos são desafiados a pensar inovação e desenvolver projetos e pilotos para resolver problemas de relacionamento com o cliente, repensar processos, reduzir desperdícios e afins. Mais do que apontar o problema, esses times propõem soluções e desenvolvem pilotos para testar suas hipóteses. Uma vez terminado o projeto eles voltam a se dedicar ao dia a dia.
Multiplicadores de inovação
São responsáveis por incentivar os demais times a pensarem executarem seus projetos de inovação. Tem como objetivos além da motivação dos demais, o compartilhamento de boas práticas e sempre que possível retirar barreiras internas que impeçam a inovação de acontecer na sua área.
Gestores de inovação
São responsáveis por coordenar as ações e medir resultados gerados. Tem muitas vezes a difícil missão de coordenar pessoas que não são da sua área, já que toda a empresa participa da inovação de alguma forma.
Demais colaboradores da empresa
Precisam estar atentos às necessidades de pequenas melhorias em tudo o que fazem. Caso tenham autonomia para desenvolver as soluções, podem eles próprios trazer as melhorias, caso não tenham precisam organizar as demandas e ideias para fluxos pré-determinados na empresa.
Esses são alguns dos personagens do mundo da inovação, como eles aparecem na sua empresa?