COMO APROVEITAR UM PROGRAMA DE ACELERAÇÃO

Em outro post do nosso blog, mostramos que existem vários tipos de programas de aceleração. Independentemente de qual você escolher participar, é importante pensar bem em como aproveitar a sua trajetória nesses programas.

Ao longo dos últimos anos, observamos que alguns empreendedores passam pelos mais variados tipos de programas sem necessariamente desenvolverem um negócio de sucesso.

Por isso, selecionamos alguns dos erros mais comuns que identificamos entre os empreendedores que já passaram pelos nossos programas. Confira a seguir.

1- Síndrome do autodidata

O mundo do empreendedorismo durante muito tempo foi um mundo de autodidatas. Os americanos valorizam o “self made man” — aquele que construiu seu império sozinho, sem a ajuda de outros e, muitas vezes, sem orientação.

Essa cultura americana que herdamos dentro desse mundo ainda é reforçada com o sistema educacional das nossas universidades, que hoje forma funcionários e não empreendedores.

Isso tudo faz com que os empreendedores de sucesso que temos hoje (principalmente no Brasil) tenham histórias parecidas: largaram a faculdade, aprenderam com os próprios erros e se tornaram bem sucedidos sem professores, mentores ou quem os guiasse.

No entanto, atualmente os programas de aceleração têm cada vez mais assumido o papel de formadores de empreendedores, assemelhando-se às escolas de empreendedorismo. Uma escola inclusive mais adequada ao novo sistema, uma vez que é 100% prática.

Aqueles empreendedores com a síndrome do autodidata muito forte acabam ficando cegos para os aprendizados existentes dentro de uma aceleradora e, assim, deixam de aprender com os erros e experiências dos demais.

2 – Turista de programas de aceleração

Um segundo erro muito comum é o de colocar empreendedores “turistas” como parte do time no programa. Existem 2 tipos de turista:

  1. Aquele que está em vários programas ao mesmo tempo e não aproveita nenhum corretamente;
  2. Aquele que quase não comparece no programa, limitando-se às atividades obrigatórias.

Ambos os casos são prejudiciais. Um dos pontos mais importantes dos programas são as conexões formadas com os demais participantes. O desafio de uma empresa esta semana, será o da sua empresa na semana seguinte e pode ter sido o de outra empresa na semana anterior.

A comunidade tem tanto ou mais valor do que os demais elementos do programa.

3 – Síndrome do aluno

Se a pouca participação é ruim, o contrário também é prejudicial. Alguns empreendedores encaram os programas de aceleração como uma escola e querem participar de todos os cursos, mentorias, palestras e o que mais estiver à disposição.

Mas os programas são como opções de pratos em um restaurante self-service. É papel do restaurante (programa de aceleração) oferecer uma grande quantidade de pratos (capacitações, mentorias, contatos), mas cabe ao cliente (startup) escolher o que faz sentido com a sua fome (momento da empresa).

Muitos que tentam consumir todas as atividades disponíveis acabam não desenvolvendo a própria empresa.

4 – Mal entendimento dos benefícios do programa

Empreendedores muitas vezes possuem uma visão míope dos benefícios que têm direito ao participar de um programa de aceleração. Na maior parte das vezes, veem apenas o investimento financeiro (quando ele existe).

Alguns programas são ótimos para prover conteúdos, outros são uma ótima fonte de conexões com potenciais clientes e/ou parceiros, outros são uma porta de visibilidade junto à mídia e quase todos possuem parceiros para benefícios como armazenamento em nuvem, sistemas de gestão, entre outros.

Esses benefícios, na maioria das vezes, trazem mais retorno do que o investimento financeiro, ainda que esse retorno demore um pouco mais. É comum empresas multiplicarem o seu faturamento ou receberem investimentos por causa de contatos dentro do programa, isso muitas vezes excede consideravelmente o valor que o programa investiu diretamente na empresa.

5 – O Maria-vai-com-as-outras

O último erro que costuma prejudicar muito a participação e o aproveitamento de um programa de aceleração é o comportamento dos empreendedores que escutam a tudo e a todos, durante todo o tempo sem filtro do que deve ser aplicado ao seu negócio.

Uma coisa que vale saber sobre mentores é que eles possuem opiniões divergentes, mudam de ideia e/ou esquecem os conselhos que deram. Isso porque eles são seres humanos como todos nós.

Então, alguns empreendedores cometem o erro de seguir à risca o que TODOS os mentores recomendam. Quanto mais mentores ele conversa, mais perdido ele fica.

Não que conversar com mentores não seja importante e não possa poupar anos de aprendizado na sua vida, mas sugiro escolher poucos que possam lhe direcionar de uma maneira mais regular — ou no caso de conversar com vários mentores, analisar o que surge de comum nas diversas conversas que você faz ao longo do programa.

Independente de seguir ou não os pontos que levantamos acima, um programa de aceleração pode e vai ajudar muito no desenvolvimento do seu negócio. E lembre-se que a ideia é participar de 1 ou 2 programas — no máximo — antes que o seu negócio decole.

Se você está indo para o seu 3º, 4º, 5º programa e ainda não deu certo, pode ser que a sua ideia não seja tão promissora quanto você imaginava e talvez esteja na hora de mudar de projeto.

Por |2022-11-16T09:52:16-03:0004/07/2017|empreendedorismo, startups|

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Atuo no mundo da inovação desde 2008. Já atuei em incubadora, consultoria e aceleradora, acelerando mais de 900 startups. Sou formado em Ciências Biológicas e Especialista em Gestão, e por isso gosto de misturar mundos diferentes para trazer mais inovação para o meu dia-a-dia. Coordeno os programas da Troposlab e crio novas metodologias de aceleração, atuando diretamente com mais de 50 grandes empresas. Além disso, tenho um lado nerd (ficção científica, heróis, histórias de aventura, etc).
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