O movimento startup tomou grande proporção em muitos países. Governos, empresas e universidades mobilizados para gerar e apoiar estas novas empresas. Tudo pelo Ecossistema!
Esta é a tônica atual e neste sistema, a liderança ou principal ponto de atenção é a startup. Se por um lado a orquestração dos atores de inovação tem favorecido o ambiente startup e os novos negócios, por outro lado, onde está a maioria das pessoas da sociedade e as empresas, este movimento tem ofuscado iniciativas e até mesmo prejudicado algumas delas. Explico: no esteio da euforia startup, e com a visibilidade que ele gera, governos começam a destinar grande parte de seus orçamentos de pesquisa, desenvolvimento e inovação só para programas e plataformas de startups.
Como se isto bastasse para gerar mais empresas. Bolsas de pesquisa, recursos de pesquisa e dinheiro de fomento são direcionados só para estes novos empreendimentos, comprometendo a formação de pessoas e o avanço do conhecimento. É claro que o erro aqui não está na startup ou em sua comunidade, mas sim na falta de preparo do gestor público para lidar com o tema, priorizando apenas um dos vértices da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Grandes empresas, passam a comprar a ideia da conexão com startups, como a solução para seus problemas de cultura e geração de negócios. E de fato elas são ótimas ferramentas para geração de novos negócios e ótimos exemplos de inspiração e prática de uma nova cultura. Mas no fim do dia, a pressão por resultados e a forte demanda do mercado, ofusca esta nova cultura e as oportunidades de novos negócios.
Novamente a “culpa” não é das startups, mas dos executivos das empresas que projetam nelas e nos programas de aceleração o principal mecanismo para inovarem. Inovação é startup, mas também é muito mais que isto. Exige uma mudança sistêmica nos perfis e comportamentos dos indivíduos da empresa, requer um novo designer de processos, novas formas de atuação no mercado e, o mais importante, uma nova dinâmica de relacionamento entre as pessoas que trabalham na empresa. Logo, um programa de aceleração ou de conexão com startups é muito válido, mas deve acontecer integrado a outras iniciativas que projetam a transformação cultural da empresa.
Já no ambiente acadêmico vejo o movimento startup como algo sempre muito positivo, pois ele serve como uma “ponte” para impulsionar a transformação do conhecimento em oportunidades. Além disto a criação de startups pode incentivar e trazer motivação para os alunos de cursos mais acadêmicos ou que a aplicação do conhecimento seja menos evidente.
Startup é inovação, mas inovação é muito mais que startup. Vejo que entendermos este conceito pode ajudar a trazer mais equilíbrio para os ambientes, Governo, empresas e universidades, permitindo que as ações de estímulo à cultura startup continuem a existir com mais equilíbrio com outras ações que dão base e suporte ao ecossistema e às startups em si.