O que as grandes empresas podem aprender com as startups

Durante o ano de 2018 tenho atuado pela TroposLab em projetos de maior duração dentro de grandes empresas. Já compartilhei um pouco sobre a experiência do intraempreendedorismo aqui.

Nesses programas de aceleração de projetos e ideias internas, trazendo muito da nossa metodologia Escala tenho o costume de tratar cada um desses como uma startup, com a divisão de tarefas bem determinada, reuniões frequentes de gestão, ferramentas que auxiliem em tomadas de decisão rapidamente, passando por toda a história de um novo empreendimento.

E justamente pela natureza da abordagem, muito se questiona sobre o funcionamento de uma startup, sobre o ecossistema, sobre os erros e acertos, as pivotagens, a grande necessidade de flexibilidade e principalmente a dedicação para que as arestas estejam frequentemente aparadas e todos os pratinhos continuem sendo equilibrados!

Há alguns dias,  um dos “acelerados” de um desses projetos me questionou: o que você diria que uma grande empresa pode aprender com as startups?
Desde então venho levantando alguns dos pontos que considero como os que mais se destacam quando falamos de obstáculos para se inovar dentro de grandes empresas. E buscando situações que possam driblá-los de forma similar dentro da realidade das startups, trago aqui algumas dessas reflexões:

Tenha cabeça de dono

As startups geralmente se iniciam com poucas pessoas na equipe, seja pela falta de recursos, seja pela “juventude” do negócio. Exatamente por isso, aquelas poucas pessoas cuidam daquele negócio com muita atenção a cada detalhe, e possuem a clara noção de que se isso não ocorrer, tudo pode ruir. Nas grandes empresas, as pessoas geralmente ficam muito concentradas na própria área, realizando tarefas numa “operação-padrão”. Mudar esse mindset e entender que você é parte importante na engrenagem toda, buscando entender melhor o “todo” que faz essa máquina girar, pode ajudar muito a resolver problemas de forma mais rápida, além de abrir a sua mente para possibilidades inovadoras e muito mais desafiadoras.

Simplifique

Do lado das grandes companhias, o engessamento das estruturas pode desfavorecer a inovação e consequentemente a competitividade. Em contraposição, metodologias ágeis fazem parte do dia-a-dia das startups, pois elas precisam ser rápidas em tomar decisões, crescer e até mesmo em falhar (falaremos disso já já!). Implementar formas mais fáceis e rápidas de resolver problemas que não exijam extensas reuniões com muita gente, e nem uma burocracia que passe por diversas áreas, pode auxiliar e muito no desenvolvimento da empresa. É possível simplificar e flexibilizar em várias situações. É uma questão de estar atento e alinhar expectativas com quem estiver envolvido.

Falhar é parte do processo

A gente entende que em algumas áreas um dos maiores trabalhos em grandes empresas é o de mitigar riscos de falha e erro, principalmente por intervenções humanas. E isso gerou um “medo” cultural que nos faz acreditar que errar é absurdo, em qualquer situação. O erro, na verdade, é um dos melhores amigos nas etapas iniciais de uma startup. O conceito de fail fast (falhe rápido) é praticamente um lema que permeia esse universo, uma vez que hipóteses são testadas o tempo todo. Caso algumas não façam sentido, são simplesmente descartadas, e passa-se para a próxima. As empresas também podem errar, e errar rápido! Assim, sabemos o que funciona e o que não funciona, antes que mais tempo e recursos sejam desperdiçados.

Escute seus clientes

Ainda nos espantamos positivamente com alguns casos inovadores de empresas (hoje grandes!) como Netflix, Nubank, e várias outras quando falamos de relacionamento com clientes. Hoje, principalmente em negócios B2C (Business to consumer: o próprio usuário é o cliente final), há uma grande preocupação com as áreas de Customer Success e similares. Isso porque essas empresas entenderam o que traz a metodologia do Customer Development, do Steve Blank e perceberam que os clientes querem falar, são fontes ricas de aprendizado para o desenvolvimento de seus negócios. Validações com seus clientes ajudam na velocidade de crescimento de novas estratégias, além de economizar tempo e dinheiro, antes de colocar novos serviços e produtos no mercado. Ouvir de quem os consome é, sem dúvida, a estratégia mais inteligente e prática. A grande maioria das startups faz isso com maestria e não há nada que impeça grandes empresas de aprender com essa atitude.

Com certeza existem outras diversas possibilidades de aprendizado e de troca de experiências entre esses dois “mundos” que apesar de parecerem distantes, possuem muito em comum e são complementares quando decidem caminhar juntos, rumo à inovação e à transformação digital!

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Sou formada em direito pela UFMG, apaixonada por inovação e trabalhando na área há mais de 10 anos. Tenho experiência desde recursos para P,D&I, passando por desenvolvimento de negócios e aceleração de projetos inovadores dentro de grandes empresas, como Mercedes, Nestlé, Saint Gobain e várias outras. Amo viajar, conhecer novas histórias e pessoas e criar playlists pras mais variadas situações!
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