Na primeira semana de novembro toda a comunidade de inovação e startups da Europa já tem destino certo: Web Summit, Lisboa, Portugal. Neste ano não foi diferente e mais de 70 mil pessoas foram para “terrinha” para se atualizar, fazer conexões e apresentar suas soluções.
Nós da Tropos também estivemos presentes. Em termos de tecnologias, era possível encontrar de tudo um pouco: inteligência artificial, block chain, 5G entre outras com aplicações diversas para os diferentes mercados como indústria, varejo, saúde e financeiro. Cada uma com seu diferencial, todas chamavam a atenção a seus respectivos públicos – umas mais outras menos – mas de uma forma geral as pessoas pareciam estar satisfeitas com o que viam.
Nosso intuito, entretanto, não é fazer uma análise crítica sobre as tecnologias apresentadas, sobre o quanto elas são promissoras e/ou sobre as startups presentes, mas sim compartilhar a experiência de viver quatro dias imersos no universo Web Summit 2019. Então compartilhamos um pouco das nossas percepções sobre o evento:
1 – Ecossistemas de startups existem em todo o mundo, cada um tem suas próprias vocações e todos querem atrair as melhores pessoas e tecnologias
Perceber tantos ecossistemas presentes, seja nos estandes ou seja nas missões, foi impressionante. A sensação que tínhamos ao cruzar os pavilhões do Web Summit 2019 era de que os países estão percebendo a inovação como estratégica para seu próprio desenvolvimento e perceberam que a melhor forma de fazer isso acontecer é por meio de conexão e rede.
Conversamos com muitas pessoas de diferentes ecossistemas e todas elas deixavam claro que reconheciam as vocações específicas dos seus ecossistemas para inovar, mas que não conseguiriam explorá-las sozinhos, que precisavam de talentos e tecnologias de outras países que os complementassem para explorarem, de forma inteligente e inovadora, as oportunidades existentes.
2 – Grandes empresas entenderam que participar de feiras de inovação vai muito além de anunciar suas vagas de trabalho e atrair talentos
Foi interessante observar como as grandes empresas se posicionaram neste Web Summit. Em 2018 chegamos a falar do quanto elas estavam ali buscando se aproximar de startups, ao mesmo tempo que demonstravam suas tecnologias e tentavam atrair talentos. Não que este ano elas não tenham feito a mesma coisa, mas ficou claro a mudança de posicionamento delas.
Nesta edição havia também muitas grandes empresas presentes, demonstrando seus últimos lançamentos (produtos e tecnologias), apresentando resultados das suas iniciativas de aproximação com startups (programas de aceleração, fundo de investimentos etc), e o que mais chamou à atenção foi como elas estavam ali se mostrando como empresas tradicionais, estabelecidas no mercado mas, ao mesmo tempo, em processo de mudança e abertas a novos relacionamentos e parceiros para efetivarem esse momento.
Tivemos a impressão que o Web Summit 2019 foi uma oportunidade de aproximação das grandes empresas com seu mercado – clientes, fornecedores, parceiros e demais stakeholders.
3 – Diversidade é importante. A discussão aconteceu, mas na prática, ela não aconteceu
No primeiro dia do Web Summit o tema diversidade já tomou lugar nas discussões. As pessoas estavam realmente dispostas a falar sobre isso e a defender essa bandeira. Comemorava-se o fato de mais de 40% dos participantes do Web Summit 2019 serem mulheres – muito disso tendo sido estimulado pela organização do próprio evento, por exemplo, criando um canal direto de comunicação “Women in Tech” e vendendo ingressos mais baratos para o público feminino.
A grande questão é que boa parte do público parece ter considerado que diversidade é “apenas” igualdade de gênero. Não que ela não seja importante, muito pelo contrário, mas é preciso ampliar o campo de visão, considerar outros pressupostos para abordar o tema com a complexidade e amplitude que ele contém.
A diversidade não era assim tão fácil de perceber. Seja de gênero, cultura, raça, crença entre tantas outras possibilidades, a diversidade parece ter sido resumida à gênero, nesse caso, especialmente o feminino.
4 – Tem lugar para startups de todos os tipos e maturidades
O que se esperar de um evento de inovação? Startups, claro!
Elas estiveram presentes, vieram de vários países do mundo, dos diferentes continentes e agarraram com “unhas e dentes” a oportunidade de conquistar quem passasse por elas. Nos espaços Alpha, Beta e Growth, nos estandes das grandes empresas ou nos espaços dos ecossistemas, encontrávamos startups de todos os tipos e dos diversos níveis de maturidade.
Conhecemos startups com soluções diversas aplicadas aos mais diferentes tipos de clientes e/ou indústrias, mas não podemos negar que algumas áreas parecem ter tido mais representantes. Fintechs, healhtechs e soluções para corporações chamaram atenção: havia muitas, com soluções diferentes para os mesmos problemas e todas tentando aproveitar as oportunidades existentes no mercado. Em termos de tecnologias, inteligência artificial, 5G e block chain foram, aparentemente, as mais presentes.
Para elas todas, há quem diga que a pergunta que os investidores mais fizeram foi: e como você ganha dinheiro? O que parece é que as startups estão mais preocupadas em desenvolverem suas soluções e tecnologias e menos em desenvolverem e validarem seus respectivos modelos de negócio e isso provocou o olhar mais apurado dos investidores.
5 – Personalização está em alta e a tendência parece ser de crescimento
Soluções personalizadas já existem, é presente e é futuro. Muitos palestrantes nos diferentes espaços trouxeram essa visão e a importância desse pensamento, tanto no desenvolvimento dos produtos quanto dos negócios. Além disso, trouxeram o desafio contido nesse tema, visto que quanto mais somos atendidos de forma pessoal e individual, mais queremos ser e quando as empresas não respondem às nossas expectativas, a frustração é inevitável. Então como atender o cliente de forma altamente personalizada mantendo a viabilidade do negócio?
O desafio da personalização não parece ser de uma ou outra empresa, ele parece ser um desafio de mercado tanto para grandes empresas quanto para startups e no Web Summit 2019 discutiu-se muito sobre como a tecnologia pode ajudar nisso, deixando clara a existência de uma oportunidade no mercado neste sentido.