Surgido pela primeira vez na Hannover Messe – Alemanha em 2011, o termo “Indústria 4.0” se baseia na descentralização de processos, por meio do uso da automatização, big data, internet das coisas, wi-fi e outras tecnologias (como contamos com mais detalhes no post “As tecnologias na indústria que estão mudando o mundo”). Essa iniciativa de revolucionar a indústria partiu do governo alemão, que tinha como objetivo promover mudanças em relação à maneira que as fábricas operam. Com a Quarta Revolução Industrial, seria possível reduzir os custos de produção e aumentar a produtividade com o uso da tecnologia, sendo possível também ofertar produtos e serviços mais personalizados e customizáveis para os clientes. Olivier Scalabre conta um pouco sobre os benefícios dessa Revolução no seu TED “The next manufacturing revolution is here”, acesse o link aqui.
O termo Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial pode parecer para muitos apenas um hype ou um slogan chamativo, porém esse movimento é muito mais que isso. Essa revolução é a confluência de tendências e tecnologias que promete remodelar o jeito que as coisas são feitas. Em estudo realizado pela Deloitte em 2018 (Indústria 4.0: você está preparado), que entrevistou 1600 executivos C-level de 19 países, foi observado que somente ⅓ dos executivos se dizem preparados para a mudança, enquanto que no Brasil só 14% dos entrevistados acreditam que as suas organizações estão prontas para as transformações. Neste artigo iremos mostrar como as organizações podem se preparar para a Quarta Revolução Industrial.
Para começar, definimos Indústria 4.0 como a próxima fase na digitalização do setor manufatureiro, conduzida por quatro disrupções:
- O surpreendente aumento no volume de dados, poder computacional e conectividade, especialmente das redes de longo alcance e baixo consumo de energia.
- O surgimento de recursos de análise e inteligência de negócios.
- Novas formas de interação homem-máquina, como interfaces touch e realidade aumentada.
- Melhorias na transferência de instruções digitais para o mundo físico, como robótica avançada e impressão 3D.
Desafios
As mudanças que ocorrerão na empresa que alcançar a Quarta Revolução Industrial irão além da tecnologia. Segundo Ronaldo Fragoso, sócio-líder de desenvolvimento de mercado da Deloitte, os executivos precisam identificar o que mudará na empresa com a Indústria 4.0. É necessário enxergar além da tecnologia, aspectos relacionados à estratégia e à qualificação das pessoas impactarão tanto o ambiente interno, como também a cadeia de clientes e fornecedores. Essa é uma transformação no mercado local e internacional que vai demandar planejamento e investimento de longo prazo, que resultará na configuração de novos modelos de negócio.
Em pesquisa lançada em 2019 pela Deloitte e Forbes Insights em Davos, no Fórum Econômico Mundial, foi identificado que os líderes mais bem sucedidos nesse novo modelo estão endereçando os desafios atuais em quatro principais áreas de impacto:
- Estratégia: surgimento de novos modelos de negócios, adoção de novas tecnologias, questões regulatórias, novas regras para acompanhar os novos parâmetros do mercado e o risco cibernético.
- Tecnologia: diferencial competitivo pela tecnologia, viabilização de um ecossistema com participantes diversos para entregar mais valor aos clientes e ter tecnologias mais avançadas para aumentar a eficiência das empresas.
- Talentos e força de trabalho: treinamento dos funcionários para as novas habilidades, dúvidas sobre o relacionamento com as suas empresas na nova fase industrial, tendo como consequência mudanças nos contratos sociais e trabalhistas.
- Impacto social: se tornar agente de mudança relevante para um mercado equilibrado e justo, ser mais capazes de atender mercados mal servidos, que necessitam apoio social e crença de que a Indústria 4.0 nos levará à igualdade social e à estabilidade econômica.
Por onde começar
A forma como as empresas usam a digitalização na Indústria 4.0 pode variar, a depender das características da localidade da companhia. No Japão e na Alemanha, as corporações estão utilizando a digitalização em todos os setores para aumentar a eficiência e a qualidade dos produtos. Nos Estados Unidos, a tendência está surgindo para serem criados novos modelos de negócio com a ajuda de ofertas digitais e serviços, e para fornecer esse produtos e serviços digitalmente o mais rápido possível.
O primeiro passo para as indústrias brasileiras superarem os desafios do caminho até a Indústria 4.0 é ter uma liderança capaz de conduzir a organização, de forma que ela se adapte mais rapidamente às mudanças necessárias. Os líderes empresariais que estão na vanguarda da Indústria 4.0 têm algo em comum, eles são guiados por um propósito e expressam compromisso de fazer o bem para a empresa e a sociedade. A partir disso, foi observado que os vanguardistas:
- Contribuem mais para o crescimento de receita à empresa do que seus concorrentes;
- Tem um propósito claro e são metódicos ao definir uma estratégia de negócio com base na Quarta Revolução Industrial;
- Focam o longo prazo no investimento em tecnologias para gerenciarem melhor as disrupções e priorizam o treinamento aos funcionários de forma extensiva para capacitá-los ao novo modelo.
Além disso, vale a pena conferir três projetos em desenvolvimento na Alemanha, a pioneira do movimento de digitalização para a Indústria 4.0, que são a Arena 2036, a maior plataforma de pesquisa sobre mobilidade na Alemanha; o Centro de Aplicação da Indústria 4.0 do Fraunhofer IPA, destinado a pequenas e médias empresas; e o Ano Científico de 2018 promovido pelo Ministério Federal da Educação e Pesquisa com o tema “Mundos de Trabalho do Futuro”. Acesse aqui para mais informações.
Depois de toda essa discussão sobre o que é a Quarta Revolução Industrial e como ela irá afetar o mundo, deixo a pergunta: você e a sua organização estão preparados?