Dizem que quando a gente vai se tornando especialista em algum determinado assunto a gente começa a criar relações improváveis. E eu acho que isso faz sentido. Ontem eu li um texto de um jogador belga, Romelu Lukaku, que me emocionou e mexeu muito comigo. Para quem assistiu ao jogo do Brasil contra a Bélgica na última sexta-feira (06/07/19) pelas quartas de final e viu o Brasil sendo parado por um paredão de homens de alta estatura, certamente notou esse jogador, Lukaku, um centroavante camisa 9, que deu muito trabalho para o nosso camisa 3 (Miranda).
Em seu texto, em que ele se propôs contar um pouco de sua trajetória, encontrei muitos sinais de que além de ter sido um atleta dedicado, talentoso, agressivo (no bom sentido da palavra), e muito eficiente, ele foi também, em muitos aspectos, empreendedor de seu projeto. Qual projeto? O projeto de se tornar um jogador de futebol profissional quando tivesse 16 anos, e ele o fez com 11 dias de atraso.
Diante de uma adversidade enorme enfrentada pela sua família, diante da dor de sentir e ver sua família sentir fome e de ser privado do que ele mais amava na vida, que era assistir aos campeonatos de futebol transmitidos pela TV a cabo, Lukaku, foi empreendendo formas de solucionar os problemas que a vida colocou em seu caminho.
Nesse mesmo texto, ele nos conta como o seu projeto teve várias etapas, como ele estava sempre atento as oportunidades, como em alguns momentos ele precisou ter coragem de arriscar, e o mais importante de tudo, soube agregar muito valor ao seu produto, que era o seu futebol. Calçados com a chuteira que era de seu pai, aos 13 anos, ele disputa o seu primeiro campeonato de importância e marca nada menos que 76 gols em 34 jogos. Na sequência, chega as camadas jovens do grande clube de Bruxelas, e lá desafia o próprio treinador, dizendo que marcaria 25 gols até dezembro se ele não o deixasse no banco nos próximos jogos, recebe risadas de seu treinador, mas também o sim. E ainda em novembro já havia cumprido com sua promessa e dali em diante ganharia o mundo como ele gostaria.
Alguns podem pensar que o que fez esse jogador chegar aonde ele queria foi até sorte, foi talento, foi Deus. Eu, quando olho para o pouco de história e de acontecimentos que ele compartilhou conosco faço minha aposta de que estamos diante de uma história empreendedora. De alguém que vai se tornando especialista em uma dor, que constrói uma solução, que se planeja sistematicamente, que teve metas precisas, que cria redes, que é o melhor vendedor de seu produto, que inova, que está atento as menores oportunidades, que entrega mais do que promete, que tem um propósito e coragem de assumir todos os riscos, que sabe que não vai ser fácil, mas que acorda todos os dias e sabe que pode subir mais um degrau.
O empreendedor não está apenas nos mercados de ideias, nos mercados de tecnologias inovadoras. O empreendedor está em todos os projetos que são realizados. Em todas as histórias de realização de sonhos. O empreendedor pode estar dentro de campo. E afirmo que esteve na copa do mundo de 2018.