Sempre que você quiser se aventurar para os lados da educação empreendedora, um dos primeiros conhecimentos que irá obter será sobre a diferença entre empreendedorismo por necessidade e por oportunidade. E sempre essa diferença será dada pela motivação que levou um indivíduo a empreender. No caso do Brasil, depois de um início de século que aqueles por necessidade estavam em quantidade superior aos por oportunidade, passamos para um índice bastante invertido (vide Global Report/GEM2017-2018 – link )
Grande vitória!! Mas devemos ficar atentos para este crescimento, pois o passo necessário para a manutenção e o aumento deste índice me parece mais difícil ainda do que tê-lo feito se inverter. Explico melhor: para que a quantidade de empreendedores por oportunidade possa ter ultrapassado a por necessidade foi preciso investir fortemente na capacitação de pessoal com relação às metodologias e às didáticas mais contemporâneas sobre o tema empreendedorismo. Esse pessoal, uma vez devidamente qualificado deveria começar a propagar a cultura empreendedora através de hackatons, desafios, minicursos, cursos, workshops e palestras sobre tópicos relacionados ao tema tais como prototipação, validação, ideação e tudo o mais que se refere ao universo do empreendedorismo. E eles assim o fizeram. Disseminaram a cultura empreendedora e hoje temos uma terceira onda muito expressiva de indivíduos que passaram e ainda passam por atividades de formação empreendedora, irradiando, por assim dizer, o conhecimento e o acompanhamento da jornada empreendedora.
Em síntese, pelo menos aqui em Minas Gerais, pode-se assistir a esta irradiação em (quase) todos os cantos do estado. E é inegável afirmar que foi todo esse investimento na qualificação e no fomento às atividades vivenciais relacionadas que se conseguiu, no Brasil de forma geral, “virar a chave” da classificação de empreendedores pela motivação. E o meu olhar para justamente aí.
As gerações qualificadas já estão aptas para a formação de comunidades, de ecossistemas empreendedores; mas para isso é (e será) muito importante que haja uma combinação de ingredientes basilares se quisermos continuar formando mais empreendedores por oportunidade do que o contrário: a auto-organização desse tão complexo sistema, somada a investimentos indiretos, no sentido de apoiar institucionalmente a iniciativa de criação de um típico e profissional ecossistema empreendedor que, em sua própria definição, sugere que iniciativas de constituição de qualquer comunidade que seja, deva possuir elementos de autonomia, de cooperação e de agregação, inerentes a qualquer sistema complexo adaptativo.
Abreviando esta passagem, caso quisermos manter e ampliar a formação dos indivíduos para o empreendedorismo, devemos investir na cooperação das instituições representativas já estabelecidas, de forma com que, ao unirem esforços para a criação das iniciativas voltadas aos empreendedores, possam formar agregados de conhecimento que deverão ser dissipados para as demais instituições e demais ecosystems’s influencers, a fim de estabelecerem outros arranjos, outras iniciativas que irão fomentar ainda mais o tema e, assim se repetindo esse movimento, a tendência, que em princípio seria o verdadeiro caos institucional, passa a ser que este sistema se auto organize e que consiga atingir os resultados esperados.
Especialmente não vejo problema nenhum em entender como esse processo ocorre. O meu maior temor é o de não saber ainda sobre como é que na prática isso pode acontecer. É claro que uma boa alternativa, uma opção digamos mais inspiradora não faz mal a ninguém: podemos e devemos conhecer profundamente os diversos ecossistemas empreendedores que já existem e que estão distribuídos ao redor do mundo. Afinal de contas podemos aprender – e muito – com os exemplos do que já aí funciona. Temo a fase da adaptação….
Sabe-se que não há fórmula correta para que ecossistemas sejam estabelecidos e que, portanto, estamos livres para podermos adaptar à nossa realidade. Mas o que faremos em prol dessa adequação?
Fazer um ecossistema empreendedor que seja a nossa cara, que espelhe os nossos valores não é uma tarefa fácil. Mas pelo menos devemos chamar todos os envolvidos e solicitar-lhes contribuições. Penso que a alternativa de crescimento orgânico ainda é a melhor, mas nem sei explicar direito o porquê. Por outro lado, receio muito a pegada cartorial, institucional tão peculiar no nosso país. Alternativas trágicas, mas quem sabe não é essa polarização que fará com que pensemos em outras alternativas. O desafio está lançado!
Escrito por: Prof. João B. V. Bonomo
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