Inovação frugal: o que é, princípios e como implementar

  • Inovação frugal: o que é, princípios e como implementar

As explorações arqueológicas encontraram rodas com cerca de 3 mil anos. E essa é comumente tida como uma das invenções que revolucionaram os rumos da humanidade. Aliás, é comum ouvirmos que “não é preciso inventar a roda” para inovar. E é exatamente disso que se trata a inovação frugal.

Em resumo, a inovação frugal refere-se à criação de soluções eficientes, econômicas e sustentáveis. Ou seja, fazer mais com menos sem “inventar a roda”. Máxima cada vez mais presente nas discussões corporativas.

Afinal, de que adianta inovar se a maioria dos usuários não terá acesso àquela inovação? Por isso, a inovação frugal visa atender às necessidades de consumidores com recursos limitados. Neste artigo, exploraremos a fundo o que é a inovação frugal, os princípios dela e como implementá-la.

O que é inovação frugal?

A inovação frugal se refere ao desenvolvimento de soluções simples, eficazes e acessíveis à maior parte dos consumidores. Geralmente, aplica-se a contexto de recursos limitados. Nesse sentido, o conceito está ligado às soluções financeiramente ao alcance e funcionais.

O termo “inovação frugal” foi popularizado por Navi Radjou, Jaideep Prabhu e Simone Ahuja. Eles são autores do livro “Jugaad innovation”. “Jugaad” vem do hindi e quer dizer criatividade na resolução de problemas. 

Em um dos países mais populosos do mundo, a Índia, a inovação frugal é particularmente importante. Assim como é relevante nos demais países em desenvolvimento. Isso porque os recursos materiais são mais escassos. No entanto, mercados desenvolvidos também aplicam essa abordagem.

Certamente, a inovação frugal é interessante a qualquer mercado que objetiva a sustentabilidade e eficiência econômica. Navi Radjou e Jaideep Prabhu, em artigo para a Harvard Business Review, afirmam que trata-se de um novo estado de espírito que vê na escassez uma oportunidade.

Princípios da inovação frugal

Nenhuma inovação se resume a um ato em específico. Na verdade, trata-se de processo que demanda tempo e investimento. Entretanto, tratando-se de inovação frugal, há três pilares fundamentais: simplicidade, sustentabilidade e acessibilidade.

Simplicidade

Quantos produtos e serviços usamos no dia a dia poderiam ser mais simples? Alguns, pelo menos. Nesse sentido, a inovação frugal valoriza a simplicidade. Tira-se do produto tudo aquilo que é acessório e mantém-se o essencial. Isso elimina características que aumentariam o custo e a complexibilidade.

Sustentabilidade

Aqui a sustentabilidade aparece com dois sentidos: tanto a financeira como a ambiental. Sendo assim, a economia de recursos deve ser a regra no desenvolvimento de soluções. Também, o impacto ambiental mínimo é uma máxima a ser respeitada.

Acessibilidade

Imagine a sociedade como uma pirâmide. A solução que você oferece chega até as bases ou permanece no topo? A inovação frugal torna as soluções acessíveis ao maior número de usuários, incluindo pessoas de baixa renda. Além disso, adapta-se aos aspectos culturais das circunstâncias de consumo.

A importância da inovação frugal

Em primeiro lugar, a inovação frugal é fundamental para mercados emergentes. Ela parte da compreensão de que em muitos países a maioria da população não pode pagar por produtos e serviços caros. Mas a demanda não deixa de existir. 

Além disso, a inovação frugal estimula o crescimento econômico. Isso porque ela promove produtos e serviços mais acessíveis. Então, empresas que adotam essa prática expandem suas bases de clientes e, consequentemente, encontram outros mercados de atuação. 

Ademais, esse tipo de inovação geralmente mobiliza mão de obra local. Também, a inovação frugal preocupa-se com a sustentabilidade ambiental. Uma vez que a eficiência de recursos e a redução de desperdício são máximas fundamentais.

Como implementar a inovação frugal

A inovação depende de um esforço sistemático e programático. Além de toda uma cadeia de valor. Sendo assim, empresas que desejam implementar a inovação frugal não encontrarão uma receita de bolo ou um passo a passo. Mas identificamos a seguir algumas práticas importantes.

Identificar necessidades

Uma das características da inovação frugal é o foco no cliente. Ou seja, não há como existir uma solução perfeita se ela não é demandada pelo público consumidor. Por isso, trate de compreender profundamente o contexto local e os recursos disponíveis. Lance mão de pesquisas de campo e entrevistas com os usuários.

Co-criação

Talvez quem mais entenda de um produto ou serviço é quem depende dele: o consumidor. Então, já tentou co-criar soluções junto ao público-alvo? Trata-se de estratégia eficaz para o desenvolvimento de inovações frugais. Ademais, com essa prática, há senso de pertencimento e meio caminho andado para a aceitação pública da solução.

Protótipos e testes

Não há como fugir disso: a melhor maneira de desenvolver uma solução realmente funcional é testando-a junto ao público consumidor. Por isso, a prototipagem rápida é uma etapa fundamental. Isso porque permite testar a ideia de maneira econômica. Não se esqueça: é o campo quem dará o veredito final sobre seu produto ou serviço.

Parcerias

Já ouviu falar de inovação aberta? O conceito se refere à colaboração da empresa com agentes externos – outras empresas, universidades, centros de pesquisa, startups. Além de estratégia de co-criação, trata-se de excelente forma de economia. Isso porque os recursos são compartilhados entre os agentes envolvidos.

Desafios da inovação frugal

Nem tudo são flores: há desafios ligados à inovação frugal. O primeiro deles é a percepção de qualidade. Tratando-se de produtos e serviços mais acessíveis, os consumidores tendem a associá-los a soluções de menor qualidade. Então, as empresas devem comunicar eficazmente os benefícios da inovação que apresentam.

Além disso, a escalabilidade é outro ponto de atenção. Isso porque as inovações frugais geralmente atendem às necessidades de mercados específicos. Ou seja, tratam-se de soluções desenvolvidas para demandas locais. Nesse sentido, as organizações precisam equilibrar padronização e customização.

Um último ponto de atenção se refere ao financiamento. Em síntese, soluções frugais são lucrativas a longo prazo. No entanto, o mesmo não pode ser dito do tempo imediato. Então, identificar investidores – que geralmente almejam retorno rápido – é potencialmente difícil. 

Exemplo de inovação frugal

Você sabe qual é o telefone celular mais vendido da história? Diferentemente do que muitos pensam, não se trata de um modelo com conectividade Wi-Fi e suporte a aplicativos. O 1100, modelo da finlandesa Nokia, carrega esse título.

Lembra do celular da lanterninha? É ele mesmo. O modelo foi projetado inicialmente para o mercado chinês, mas logo ganhou o mundo. A razão disso? A fabricante entendeu que boa parte dos consumidores esperava um aparelho simples e resistente.

Depois do lançamento do 1100, em 2003, em cinco anos, a Nokia vendeu mais de 250 milhões de unidades mundo afora. Aliás, naquele período o aparelho não foi apenas o celular mais vendido, mas o dispositivo eletrônico com melhores resultados de vendas. Incrível, não é?

Conclusão

Em suma, a inovação frugal é essencial para a criação de soluções econômicas, sustentáveis ​​e acessíveis. Portanto, as empresas que aplicam esse tipo de inovação conquistam mercados e aumentam o desenvolvimento social e econômico em comunidades desfavorecidas.

No entanto, a implementação da inovação frugal exige um esforço consciencioso. Assim, parte-se das necessidades dos consumidores e vai até a prototipagem. Além disso, práticas tais como co-criação com usuários e parcerias estratégicas tornam o processo ainda mais robusto.

Enfim, a história de sucesso do Nokia 1100 é um excelente exemplo do poder desse tipo de inovação. Casos como esse servem como inspiração e prova de que a inovação frugal é uma ferramenta capaz de transformar mercados e melhorar as vidas de milhões de pessoas.

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Por |2024-06-07T10:39:03-03:0007/06/2024|tipos de inovação|

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Descobri, há alguns anos, que escrever é um modo de conhecer o mundo. Desde então, não parei mais. Sou curioso por natureza e apaixonado por cultura, dados e tecnologia. Jornalista, Publicitário e Mestre em Comunicação Social, já desbravei muitas realidades e fenômenos assim: escrevendo.
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