As mudanças constantes do comportamento do consumidor, aliada à exigência total de qualidade de serviços prestados, e ainda, a necessidade de agregar maiores valores e benefícios possíveis aos clientes, tem gerado uma forte pressão nas organizações para que inovem.
Nesse cenário, observamos uma forte tendência por parte das empresas: desejo de que exista inovação dentro de casa, e mais, que essas inovações tragam soluções para os mais diversos desafios que ela enfrenta.
Alguns autores fazem até um paralelo entre a sobrevivência das organizações com a teoria da evolução, ou seja, aquelas que se adaptarem melhor a esse ambiente competitivo e inconstante, certamente, terão mais probabilidades de permanecer. E estão corretas por acharem que a solução está muitas vezes na inovação.
Mas o ponto é, depois que as empresas decidem que querem fomentar iniciativas inovadoras, e ainda, quando entendem que essas iniciativas podem surgir de todos os setores ou hierarquias aparece outra dúvida: o que provoca o comportamento inovador?
Essa é uma dúvida bastante frequente dentro das organizações, mas também já foi objeto de alguns estudos e pesquisas. Afinal, parece relevante compreender um pouco mais sobre esse comportamento que tem sido tão caro e desejado em ambientes diversos.
Numa perspectiva behaviorista do comportamento (proposta por Skinner, 1981) podemos começar olhando para esse comportamento como o resultado de três variáveis: I) o que acontece antes do comportamento de inovar; II) o próprio comportamento de inovar; III) e ainda, o que acontece após o comportamento de inovar. Já adiantamos que as empresas que querem ser inovadoras precisarão criar em seus ambientes de trabalho situações favorecedoras tanto antes do comportamento ocorrer, quando após a ocorrência do comportamento. Do contrário, as frequências desse comportamento poderão ocorrer de forma que não serão suficientes e nem eficientes.
Para além disso, é importante saber que, estudos e pesquisas têm demonstrado que a inovação está fortemente relacionada ao empreendedorismo, dentro e fora das empresas (diz Bessant e Tidd, 2009). E dessa forma, um bom começo para que a cultura das organizações possa absorver práticas que sejam favorecedoras e produtoras do comportamento de inovar, é promovendo projetos e programas de empreendedorismo.
Numa análise mais micro do comportamento de inovar dentro das organizações e somado a alguns outros estudos já podemos identificar aquelas que são as situações mais favorecedoras desse comportamento. E as duas mais importantes são:
- Aprendizagem e interação social: essa é uma variável que tem a ver com a interação social do colaborador que terá efeito direto sobre a sua aprendizagem e na forma como ele significa a inovação. Ou seja, se já possui algumas experiências positivas com as práticas de inovação. E nesse caso, as empresas podem buscar por programas de intraempreendedorismo e inovação por exemplo.
- Capacitação e qualificação dos colaboradores: O quanto os colaboradores possuem as características comportamentais empreendedoras. Ou seja, o quando a equipe da empresa representa um time empreendedor. E da mesma forma, as empresas podem e devem buscar por programas que são especializados em promover o desenvolvimento empreendedor do time.
Vale também ressaltar aquelas que parecem não ser as variáveis mais relevantes para ocorrência de comportamento inovador: “trâmites necessários para inovar”, “tempo de espera para obter resultados”, ou até mesmo “falta de apoio do governo e instituições públicas”. Isso demonstra que quando há condições verdadeiramente favorecedoras para ocorrência do comportamento, o desejo de inovação supera burocracias e outros desafios do processo.
Por fim, compreendemos que assim como outros comportamentos, o comportamento de inovar tem suas complexidades e particularidades, e por mais que seja muito desejado e incentivado dentro das organizações, merece alguma atenção e requer formas estratégicas para acontecer.
Referências:
BESSSANT, John; TIDD, Joe. Inovação e empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2009.
CHRISTO, Rodrigo. NETO, Alípio. Contingências do Comportamento Inovador: Fatores Antecedentes e Consequentes. ANPAD. Rio de Janeiro. 2012.
SKINNER, B. F. Seleção por conseqüências. Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva, v.9, n.1, p.129-137, 2007, c1981.