Eu detesto verduras. Mas sei que elas são importantes para minha saúde e que a longo prazo vão me trazer muito mais benefícios do que o desconforto que eu tenho quando preciso comer o brócolis ou a acelga que coloquei no meu prato.
Por outro lado, eu também me conheço e sei das desculpas que eu naturalmente vou dar para não ter que comê-las. Se eu deixar as verduras para o final, adiando o desconforto que tenho ao ingeri-las, com certeza vou me convencer de que fiquei cheio com o frango, o arroz, o feijão e a farofa que estavam no meu prato, e que, só por isso, não vou fazer um esforço a mais para comer o alface e o tomate. Além do mais, “amanhã eu posso comer e não vai ser o dia de hoje que vai fazer tanta falta”.
O problema é que no dia seguinte a desculpa vai ser a reunião que eu tenho logo depois do almoço e a falta de tempo que eu terei para terminar o prato. No dia seguinte minha mente criativa vai encontrar outra justificativa. E mesmo que, eventualmente, em algum momento eu esteja de bom humor e coma a maldita da salada, no final do mês eu vou ter comido por 10 dias e não nos 30 que eu poderia/deveria.
O mesmo processo acontece para aquelas tarefas chatas ou difíceis que deixamos para o final da semana e acabamos adiando por meses antes de concluí-las. O fato é que todos os dias acordamos com uma dose de energia e força de vontade, e vamos perdendo essa energia ao longo do dia. Se deixamos as piores tarefas para o final, é normal que elas pulem para o dia seguinte. No final da semana nossa energia já vai estar mais baixa e ai acabamos deixando a tarefa para a semana seguinte. E por ai vai. Se não for uma tarefa que tem um prazo definido, podemos acabar adiando por meses.
Isso vale para tudo o que você precisa fazer no ambiente de trabalho. E quando falamos de gerir um novo negócio ou criar um projeto de inovação, isso talvez se intensifique porque os prazos e etapas a serem cumpridas muitas vezes são determinados por nós mesmos. Ou seja, por mais que tenhamos um deadline, somos nós mesmos que podemos mudá-los para daqui a uma semana, mês ou trimestre.
Independente do que você faça e do quanto você goste disso, sempre vão ter afazeres mais tediosos ou tão desafiadoras que você tenta evitar. Um jogador de futebol que sonhou em ter essa profissão a vida inteira pode detestar fazer musculação ou se preparar para dar entrevistas, mas, quer ele goste ou não, essas ações também fazem parte da profissão dele.
O que fazer então?
Primeiro crie uma forma de organizar a sua rotina e o que você precisa fazer naquele período. Pode ser uma organização do mês, da semana ou do dia, de acordo com o que você consegue controlar melhor. Depois que determinar as tarefas que precisa fazer naquele período tente começar cada dia com aquelas que têm mais probabilidade de você procrastinar. Se você adora reuniões e detesta mexer em planilhas, comece pelas planilhas e tente marcar suas reuniões para tarde. Se você adora momentos criativos de design e detesta elaborar relatórios, comece pelos relatórios.
Caso você consiga ter um planejamento de tarefas de pelo menos uma semana, pode separar as atividades mais difíceis para o início da semana. Mas lembre-se de deixar algumas tarefas que você gosta para o final da segunda ou terça-feira também, caso contrário, você pode se esforçar tanto nas atividades chatas que no final da semana nem as atividades mais legais vão estar levantando o seu ânimo. Imagina comer 3 pratos de salada e verduras e não conseguir apreciar a lasanha no final da refeição?!
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