Imagina viajar 2 anos no futuro, entender quais são os negócios que estão bombando e poder voltar no tempo e começar você mesmo esse negócio? O que você acharia dessa oportunidade?
Essas máquinas do tempo existem, e provavelmente você já usou uma delas.
Uma das vantagens de se morar no Brasil é poder conhecer o futuro viajando para países onde a infraestrutura está mais avançada e as tecnologias tendem a chegar antes. Muitos dos modelos de negócios que surgem e/ou alcançam os mercados norte americano e europeu costumam descer para o Brasil alguns meses ou anos depois.
Para os empreendedores isso é uma excelente oportunidade. Como esses novos negócios não costumam mirar o Brasil como um dos primeiros mercados a serem atingidos, um empreendedor antenado consegue copiar o modelo americano ou europeu e ganhar mercado aqui no nosso país. Quando a concorrência chega, muitas vezes é mais barato para o concorrente internacional comprar o concorrente brasileiro, assim eles conquistam o mercado de forma mais rápida e muitas vezes mais barata.
Esse modelo de negócios se chama copycat: quando um negócio opta por imitar o modelo de negócio de algum outro lugar, justamente para aprender com um modelo já validado e assim tracionar o seu negócio mais rápido. Ainda assim, existe uma necessidade de adaptação, uma vez que existem características culturais em cada ambiente que podem influenciar se o seu modelo será ou não aceito.
E isso não acontece somente comparando o Brasil com outros países, também acontece dentro do país. Normalmente, os novos modelos chegam em SP, migram para as grandes capitais e só depois chegam nas médias cidades e capitais menores.
Viajando por cidades fora do eixo, tenho vivido de forma intensa esse comportamento dos negócios. Em cidades como Cuiabá, São Luiz ou Porto Velho, encontrei empreendedores que possuíam o seguinte argumento de negócios: “Somos o iFood das cidades do interior” ou “a Uber dos mototaxis” ou “o Get Ninja com foco em cidades fora do eixo sudeste”. Inevitavelmente esses empreendedores são questionados sobre o que acontecerá com o negócio deles caso o concorrente a quem eles se comparam chegar ao estado, cidade ou região. Alguns nunca pensaram nisso, mas os mais antenados possuem a resposta na ponta da língua: “nosso objetivo é dominar o mercado para evitar que eles entrem ou para sermos atrativos o suficiente para sermos comprados”.
É preciso lembrar no entanto, que a estratégia de crescimento rápido visando a aquisição futura por um concorrente não é garantia de sucesso. Alguns mercados como o da Uber, estão descobrindo que as barreiras para aquisição de novos usuários e/ou motoristas podem ser quebradas de uma maneira mais barata com o marketing do que com a aquisição de um concorrente.
Para te inspirar, alguns modelos de negócio que existem no Brasil e cresceram após a estratégia de copycat:
Resultados Digitais – Inspirada no modelo americano da Hubspot, a Resultados Digitais é um sucesso na automação de marketing no Brasil, descobrindo hoje um nicho de atuação na automatização de marketing com um diferencial de um atendimento mais customizado ao cliente.
Peixe Urbano – Inspirado no modelo do Groupon, o Peixe Urbano cresceu absurdamente no Brasil, travando batalhas por anos com o concorrente internacional até a fusão de ambos em 2017.
Easy Taxi – Esse é um modelo inverso de copycat. O modelo surgiu no Brasil e depois foi copiado por empresas em todo o mundo. Cada país tinha o seu, ou os seus Easy Taxis da vida. Mesmo no Brasil, quem teve mais sucesso foi o concorrente 99 Taxi, que depois mudou o seu nome apenas para 99.
Portanto, se você vive em uma média cidade ou em uma capital afastada dos grandes centros, ao invés de ficar reclamando que as soluções demoram para chegar na sua região, aproveite para explorar o mercado e conquistar os clientes antes dos grandes players aparecerem e você perder o timing de mercado.