Por que é importante focar no problema antes de desenvolver a solução?

Será que você conhece profundamente o problema a que a sua solução/produto se propõe a resolver? 

Um estudo realizado pela CB Insights com 101 startups mostra que o principal motivo da morte precoce de muitas delas se dá devido à abordagem errada do problema ou mesmo por atender uma necessidade inexistente, ou seja, tentar resolver uma dor que o cliente não tem ou que não é prioridade.

Estudo CB Insights - startups falham por não identificarem o problema certo para sua solução

Portanto, o primeiro passo para pensar em uma solução, seja em intraempreendedorismo ou mesmo na criação de uma startup é, ou deveria ser, abordar o problema “certo”.  A partir de um problema identificado e validado com o mercado é que devemos começar a pensar na solução e refiná-la. E, para isso, é necessário investigação a fundo e validação.  E é sobre esse processo que vamos falar hoje. 

Para começar, é preciso entender se o cliente reconhece a questão como um problema e se ele realmente tem a intenção de resolvê-lo, ou seja, se esta dor é  um incômodo genuíno e se há uma busca ativa para encontrar a sua solução. É importante sair e investigar como tal problema é resolvido hoje, ou seja, compreender se há outras soluções que já atuam sobre este problema ou mesmo qual a forma substituta com que lidam. Ou, se este é um incômodo real, por que ainda não há alguém disposto a resolvê-lo. 

O intraempreendedorismo e a investigação do problema

Quando falamos em intraempreendedorismo, ou seja, ideias ou projetos que surgem dos colaboradores em suas empresas, é interessante observar que a maioria das  soluções propostas são para problemas pelos quais os intraempreendedores passam em sua rotina. Neste formato de empreender internamente, eles encontram a oportunidade de mudar desafios com os quais lidam diariamente. Não há dúvidas de que, por isso, normalmente, são profundos conhecedores dos problemas reais. Porém, é importante que estejam atentos e investiguem como outros setores, departamentos e pessoas lidam com eles e ir em busca de sua causa raiz, ou seja, entendendo de onde o problema parte e o impacto da resolução para usuários em toda a cadeia. 

Notamos que muitas vezes quando o empreendedor não encontra espaço internamente para desenvolver uma solução, ele busca resolver este desafio criando sua própria empresa. É recorrente encontrarmos no mercado empresas que foram criadas neste contexto. 

Existem uma série de metodologias e abordagens que utilizamos para investigar mais a fundo o problema e validá-lo. É preciso ter em mente que antes de adotar qualquer uma delas ou mesmo mixá-las é preciso entender a importância de se dedicar um tempo valioso na investigação do problema “ correto”. Perceber que o tempo gasto é um investimento para que o problema trabalhado seja de fato real, relevante, gere demanda e seja uma dor para o mercado e, ainda, que estão abordando a verdadeira causa. Muitos empreendedores perdem a oportunidade de construir junto com o cliente e ser mais assertivos no que entregam.

Como enfatizamos, independente do método adotado o problema precisa ser validado. Para validar é importante ir a campo, testar hipóteses levantadas, conversar com clientes reais e com os envolvidos que atuam neste mercado, escutar sem defender a ideia mas escutar para compreender. O passo inicial envolve construir hipóteses a partir de nossas percepções e em seguida colocá-las a prova, se abrindo para aprender durante o processo, atentos ao cuidado de não direcionar as perguntas para respostas que quer ouvir e sim para o que o cliente deseja expressar.

Quando falamos de inovação, este caminho é crucial, sejam incrementais ou inovações disruptivas e radicais. Em inovações radicais o desafio encontra mais barreiras, pois o que está sendo criado é algo extremamente novo e, para tal, é fundamental a dedicação intensa a esta fase inicial do processo, a do entendimento profundo do problema .

O Fuzzy Front End

Fuzzy Front End, assim  é conhecida a etapa confusa que antecede o início do processo de proposição de desenvolvimento de um produto, ou seja, a etapa de investigação de um problema. A etapa de Fuzzy Front End é difusa e pouco explorada no processo de desenvolvimento da inovação incremental. Para inovações radicais é muito mais difícil e incerto gerenciar este período, é um processo de início caótico e sem controle, mas essencial para o pré desenvolvimento e geração de ideias. 

Compreender os subprocessos iniciais necessários para desenvolver alto potencial e conceitos revolucionários são a chave para inovar radicalmente com sucesso. (Smith e Reinertsen, 1991).

Essa dedicação reduz as barreiras das empresas para inovar radicalmente, pois durante este período os empreendedores estão obtendo informações e dados que reduzem o nível de incerteza sobre o mercado, conduzindo riscos técnicos e competitivos a um nível que seja aceitável para a empresa.

Seja para promover inovações radicais ou incrementais e sejam estas realizadas por intraempreendedores ou para soluções desenvolvidas por startups, a fase de investigação do problema é essencial para construir soluções assertivas, conectadas às necessidades do mercado potencial, validando antes de executá-las. Aqui na Troposlab damos ênfase nesta etapa em nossos processos de aceleração de acordo com cada programa e constatamos resultados surpreendentes, auxiliando as equipes e empresas neste ponto de partida para o passo seguinte no desenvolvimento refinado das soluções. Quer saber mais sobre nosso trabalho? Entre em contato com a gente. 

Por |2022-11-04T10:17:46-03:0018/02/2021|processos de inovação|

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Sobre o Autor:

Empreendedora antes de compreender a profundidade do termo. Alio negócios e inovação em um repertório construído e desconstruído ao longo de 15 anos. Conhecimento prático em Design Thinking, Customer Development, Criação e Desenvolvimento de Produtos. Experiente em facilitação, mentorias e processos de aceleração. Procuro manter a escuta aberta e ampliar a visão junto a olhares humanos diversos para criar soluções que transformam e geram valor. Acredito na potência do “caminhar de mão dadas”.
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