Recebo diariamente alguns alertas de notícias com temas pré-definidos, e “empreendedorismo” é uma das palavras-chave que eu selecionei pra ficar sabendo, seletivamente, com algoritmos de google, quais as novidades que o mundo traz naquele dia sobre o tema. Desde a semana passada tem acontecido um flood do termo seguido do adjetivo feminino.
Afinal de contas, passou o 8 de março. Mas não podemos deixar passar essa discussão que não deveria ser sazonal: flores e chocolates, se somados à garantia de direitos, serão sempre bem-vindos. Mas e o empreendedorismo feminino, por que vamos continuar falando disso? Qual a relevância desse tema?
Nós, mulheres, vivemos mais tempo, e em diversas partes do mundo somos mais numerosas que os homens. Por razões como essas e por uma diversidade de temas que não serão alvo de discussão hoje, empreender se torna uma necessidade cada vez mais urgente para nós. Num cenário em que a busca por direitos e oportunidades iguais para homens e mulheres ainda é algo que ofende e incomoda, a liderança e a presença feminina no mundo dos negócios funciona como ferramenta fundamental à ampliação do espaço de atuação e à visibilidade das mulheres, rompendo com essas barreiras sociais.
Acredito que a desconstrução do estereótipo masculino de força, autoridade e poder no universo empreendedor acontece nas sutilezas de conversas profissionais e a cada decisão tomada por uma mulher, trazendo uma alteração de perspectiva que impacta profundamente a sociedade. É quase inacreditável imaginarmos que há apenas 30 anos atrás é que passamos a ser consideradas “iguais” aos homens, por lei aqui no Brasil. No entanto, tenho ficado cada vez mais animada ao notar as repercussões das mudanças que ocorreram nesse período, trazendo cada vez mais mulheres para se perceberem capazes enquanto empresárias e ocupantes de lugares de importância no mundo dos negócios.
Entretanto, mesmo com todo esse avanço, ainda há muito que se melhorar. A maioria das mulheres que se posicionam como empreendedoras sente insegurança e um grande preconceito, vendo a necessidade de se preparar tecnicamente cada vez mais, como se precisassem “se provar” para o mundo de forma muito mais estruturada que os homens. Além disso, conforme o Report Women in Business da Grant Thornton, apenas 29% das mulheres ocupa cargos de liderança nas grandes empresas do mundo (analisadas pelo estudo). Quando olhamos para a América Latina, esse percentual é reduzido para 25%. Por outro lado, a boa notícia é que apenas no último ano houve um aumento de 12% de mulheres em posições sênior dentro das empresas, algo relevante num curto espaço de tempo.
Atenta, portanto, à velocidade com que vejo as mudanças tecnológicas acontecerem, tenho notado que as mudanças sociais precisarão andar no mesmo ritmo, sendo necessárias transformações significativas de comportamento e entendimento sobre uma nova sociedade que está sendo construída. E não sou eu quem estou dizendo, mas de acordo com o report do World Economic Forum algumas das chamadas habilidades do profissional do futuro são características que a maior parte das mulheres tem mais facilidade de desenvolver, como empatia, inteligência emocional, colaboração e criatividade. E tem mais: a McKinsey em seu relatório de Diversidade como Alavanca de Performance demonstrou que a diversidade de gênero em equipes executivas torna as empresas 21% mais propensas a ter lucratividade superior à de suas concorrentes diretas.
Dá pra ver que, além de ser um catalisador nas mudanças sociais, e consequentemente na forma de se fazer negócios, o empreendedorismo feminismo está longe de ser “de palco”, não é? E trata-se de um tema sobre o qual devemos continuar falando para assim, fortalecer esse ecossistema e conseguirmos potencializar o universo dos negócios. É preciso muita mão na massa pra garantir conquistas cada vez maiores e mais representativas, comprovando que nós, mulheres, temos todo o potencial pra comandar o mundo!
Você pode começar checando movimentos relevantes como o She’s Tech e até mesmo mapas de startups lideradas por mulheres além de acessar os links dos estudos e reports citados acima. E checar inclusive nas redes sociais da TroposLab nosso movimento #mulheressemtamanho, que busca enfatizar o protagonismo de mulheres no mundo dos negócios.