Trabalho remoto e a cultura de contação de histórias

Os formatos de trabalho mudaram. Hoje temos diversos modelos co-existindo.

Algumas empresas funcionam 100% presencialmente, com seus funcionários vindo aos escritórios e fábricas todos os dias, cumprindo horários, se encontrando na hora do almoço, marcando happy hours e reclamando do trânsito que pegam rotineiramente no horário de pico para ir e voltar do serviço.

Outras empresas abraçaram o trabalho remoto. Têm equipes espalhadas por diferentes lugares do mundo, atuando em horários flexíveis ou não, mas dando a oportunidade de trabalharem de casa, viajando ou onde quer que queiram estar. E, em muitos casos, possuem dentro do time pessoas que nunca se viram presencialmente e que acabam interagindo somente em reuniões de trabalho, onde o foco é a realização dessa ou daquela tarefa.

Por fim, existem as empresas que optaram por modelos híbridos. Jornadas presenciais 2 ou 3 vezes por semana, em determinadas semanas, ou qualquer outro modelo que permita alguns dias em casa e outros no escritório. Nesses casos, é comum que os funcionários tenha a impressão que são mais produtivos nos dias que ficam em casa, mas ainda assim sintam um certo prazer nos dias que encontram os colegas e trabalham juntos.

Independente do modelo, da cultura da sua empresa e do que vocês já viram que funciona melhor para vocês, existe um ponto que precisa ser pensado: a importância da troca entre as pessoas.

Além de todos os elementos práticos de retenção de pessoal (bons salários, boas condições de trabalho, perspectiva de crescimento) são também as outras pessoas do ambiente de trabalho que nos mantém motivados. Não só motivados a ficar, mas motivados a crescer. E é nesse aspecto que entra a contação de histórias e a sua importância nesse crescimento.

Os líderes provavelmente chegaram nessa posição passando por etapas parecidas às de seus liderados e é compartilhando essas histórias que eles ganham o respeito deles. Falar sobre o que a empresa já passou, quais foram as dificuldades foram enfrentadas, é não só uma forma de gestão do conhecimento, mas também uma ferramenta de motivação.

Em startups por exemplo, o crescimento rápido e a proximidade ou não dos fundadores em relação ao time é fator decisivo se a cultura da empresa conseguirá ser mantida junto a um eventual aumento repentino de funcionários. Uma empresa que pula de 10 para 100 funcionários em um ano precisa que as histórias que levaram a empresa a esse crescimento sejam contadas para que esses novos funcionários mantenham o máximo possível do espírito empreendedor que os primeiros eventualmente tiveram.

E o que isso tem a ver com trabalho remoto e os diversos outros modelos que co-existem hoje?

Esse processo de contação de histórias e disseminação de cultura acontece organicamente quando temos várias pessoas trabalhando e convivendo no mesmo espaço no modelo presencial. É claro que podemos criar ambientes para incentivar que esses momentos aconteçam ainda mais, mas, mesmo que não façamos nada, é impossível que o assunto não surja em um almoço, no cafezinho no meio da tarde ou em um happy hour regado a cerveja.

Já quando temos o movimento 100% trabalho remoto, esses momentos tendem a não acontecer de maneira tão orgânica e precisam ser pensados, planejados e incentivados. Caso contrário, você corre o risco de ter pessoas trabalhando juntas por meses, ou até anos, com conversas que se limitam às amenidades de início de reunião e questões atreladas à execução das atividades de trabalho. A longo prazo, você perde a essência que mantém essas pessoas juntas em prol de um mesmo objetivo e corre muito mais risco de perder a sua equipe para uma proposta um pouco melhor de salário ou com algum benefício que você ainda não tenha.

Já pensou sobre isso? Que técnicas você tem usado para incentivar o compartilhamento das histórias da empresa entre a sua equipe?


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Por |2023-03-07T14:25:32-03:0007/03/2023|empreendedorismo|

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Atuo no mundo da inovação desde 2008. Já atuei em incubadora, consultoria e aceleradora, acelerando mais de 900 startups. Sou formado em Ciências Biológicas e Especialista em Gestão, e por isso gosto de misturar mundos diferentes para trazer mais inovação para o meu dia-a-dia. Coordeno os programas da Troposlab e crio novas metodologias de aceleração, atuando diretamente com mais de 50 grandes empresas. Além disso, tenho um lado nerd (ficção científica, heróis, histórias de aventura, etc).
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