O QUE ESPERAR PARA O MERCADO DE EMPREENDEDORISMO EM 2018

Mais um ano começando e começa a época de promessas e planos de ano novo. Uma nova dieta, inscrições na academia, planos de passar mais tempo com a família e porque não planos de montar um novo negócio. Como já dizia Carlos Drummond de Andrade, foi um gênio quem teve a ideia de cortar o tempo, assim, no final de cada ano renovam-se as esperanças, os planos e começamos tudo de novo.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra adiante vai ser diferente.

Mas como será o cenário de empreendedorismo nesse 2018? Será que estamos em um momento bom para empreender?

Claro que qualquer coisa que eu escreva aqui, será apenas especulação. Não sou futurista, muito menos tenho poderes sobrenaturais, vou apenas fazer o que é mais comum nas previsões de futuro no mundo de negócios, olhar para trás, tentar enxergar tendências e ver como elas podem se traduzir em fatos para esse ano. E desde já te convido para contribuir nos comentários com novas previsões ou com avaliações das minhas previsões, mais importante que os pontos que coloco abaixo, são as discussões que são geradas por esses pontos

1ª previsão – O número de startups continuará a crescer

As startups ainda são a bola da vez quando se fala em inovação. Hoje vivemos um período onde startups estão sendo discutidas em mesas de bar, dentro de carros de uber e na festa de fim de ano das famílias. As universidades criaram e manterão ano que vem programas de geração de startups, as empresas tem investido em programas próprios e os governos querem se posicionar como a cidade ou estado das startups. Isso quer dizer que todo o resto do ecossistema (aceleradoras, investidores, prestadores de serviço) se movimentará junto. É uma boa hora para abrir a sua startup? Com certeza o ano de 2018 será cheio de oportunidades, mas também será um ano com muita concorrência, portanto se for abrir a sua se prepare.

2ª previsão – Fintechs serão o tema em alta nas startups mais atrativas

Repetindo o que aconteceu esse ano, acredito que Fintechs continuarão atraindo os investidores. É a área onde mora o lucro e ainda é uma área carente de tecnologia. Movimentos como o Itau fez com o Cubo em São Paulo e o Bradesco com o InovaBra já começaram esse movimento há alguns anos, mas cada vez mais empresas entrarão nessa área. Dois eventos importantes para as Fintechs aconteceram agora no final de 2017: 1- Alta dos bitcoins, mostrando um movimento de criptomoedas para o público em geral; 2- Anúncio do IPO do Pag Seguro que nesse momento que eu estou escrevendo tem a expectativa de captar R$5 bi, o que o tornará um unicórnio, se é o primeiro unicórnio brasileiro ou não é tema para outro post, mas ainda assim deixa os investidores mais atentos a Fintechs para esse próximo ano.

3º previsão – Hard Science Technologies aumentarão a sua participação em programas de aceleração

Hard Science Technologies são as tecnologias de origem na universidade que demandam tempo e pesquisa para se transformarem em produtos. Quando quebram a barreira entre universidade e mercado e se transformam em negócios, criam barreiras tecnológicas para concorrentes difíceis de se transpassar. Lido com esse tipo de negócio desde 2008, quando ajudei em um EVETECIAS (estudo de viabilidade) na Inova (incubadora de empresas da UFMG). De lá para cá, tenho observado o movimento dessas empresas e o que vi nos últimos dois anos me deixou animado. As universidades começaram a criar programas próprios de ideação ou a patrocinarem / incentivarem a participação de seus alunos. Muitas inclusive criaram matérias de empreendedorismo em cursos mais tecnológicos como as engenharias, biologia, química, etc.

Infelizmente ainda não existe grande volume desses negócios chegando no mercado como produtos já prontos. O pessoal da Inseed que investe nesse tipo de negócio, sofre para encontrar boas tecnologias que também são bons negócios e possuem bons empreendedores por trás. Mas acredito que 2018, será um passo importante para esse tipo de negócio pois eles já conseguem atrair o interesse de programas de aceleração (principalmente os com patrocínio público).

4º previsão – Boom de espaços de inovação

Não, não estou falando de coworkings, embora esses talvez continuem crescendo. Estou falando de espaços mais completos, cujo o foco não é uma mesa de trabalho e sim espaços para proporcionar a conexão de startups com grandes empresas, investidores e com outras startups. Aqui em Belo Horizonte, esse ano, observamos o movimento dos seguintes espaços: Atmosphera (espaço da Jchebly – agência de marketing), Orbi(iniciativa da MRV Engenharia, Localiza e Banco Inter) e Semear Innovation (iniciativa do Banco Semear). Todos seguindo os passos bem sucedidos de Cubo e Google Campus. Não tenho a menor dúvida que esse movimento tem se repetido em várias capitais e cidades âncora pelo Brasil. Portanto em 2018, nada de gastar com aluguel, mude a sua empresa para um espaço desse.

5º previsão – Crescimento de investidores anjo e grupos de investidores

Você já foi em um DemoDay de startups? DemoDays são eventos, em geral no encerramento de programas de aceleração onde as startups são apresentadas para investidores, potenciais clientes e/ou para a comunidade em geral. O problema é que são sempre os mesmos investidores. Isso começou a mudar. O grande problema do surgimento de investidores anjo é a competição com outras formas de investimento como a renda fixa. Você investiria o seus R$100.000,00 em uma startup com chance de crescer 40% ao ano ou prefere um tesouro direto que irá te render 15% sem risco nenhum, ou ainda comprar um apartamento na planta que vale 3 vezes mais quando o prédio fica pronto? Esse cenário mudou com os anos de crise e baixo crescimento, assim as startups ficaram mais atrativas para investidores e com isso observamos o movimento de mais grupos de investidores e novos fundos surgindo. Esse ano vimos o BMG Uptech se unir com a Bossa Nova Investimentos e anunciar o interesse em investir em 1.000 startups nos próximos anos. Vimos surgir a a.b.seed, um fundo de investimento de ex-membros da RD Station preocupado em ajudar os empreendedores na etapa de tração dos seus negócios. Grupos de consultoria como o Grupo Lasses começando iniciativas de investimento / aproximação de startups.

6ª previsão – Amadurecimento do corporate venture

É quase impossível falar de inovação hoje dentro de uma grande empresa sem falar em startups. Elas são a onda da vez. Assim como o Open Innovation foi antes dela e a gestão da inovação antes disso. E essa onda já está passando. Na verdade amadurecendo. As líderes em inovação já fazem menos hackathons e mais programas consistentes com continuidade. Mesclam as ideias externas que chegam já no formato de startup com projetos internos. Isso quer dizer que devemos esperar mais programas de startups corporativos, mas com filtros de seleção melhores. Isso pode ser uma oportunidade para a sua startup, desde que você se prepare para isso.

E ai? Será que acertarei em algo? Sei que algumas previsões estão meio vagas, mas o futuro é isso, se soubesse com certeza o que iria acontecer, teria ganhado na mega sena da virada.

Deixe seus comentários com discussões dessas previsões e/ou outras previsões, no final do ano comparamos e vemos o que cada um acertou.

Gostou do post? Quer saber mais sobre os nossos programas?

Acesse http://bizcool.com.br/

Por |2022-11-16T09:39:45-03:0009/01/2018|empreendedorismo|

Compartilhe! Escolha a sua plataforma!

Atuo no mundo da inovação desde 2008. Já atuei em incubadora, consultoria e aceleradora, acelerando mais de 900 startups. Sou formado em Ciências Biológicas e Especialista em Gestão, e por isso gosto de misturar mundos diferentes para trazer mais inovação para o meu dia-a-dia. Coordeno os programas da Troposlab e crio novas metodologias de aceleração, atuando diretamente com mais de 50 grandes empresas. Além disso, tenho um lado nerd (ficção científica, heróis, histórias de aventura, etc).
Ir ao Topo