No mês de maio de 2021 a Forbes do Brasil destacou um feito relevante de todo o time da Troposlab: cerca de 1.000 startups já foram aceleradas por nós desde 2012, ao longo de mais de 70 programas, junto a diferentes atores do ecossistema de inovação, em 14 estados brasileiros e também em 5 países diferentes.
O processo de aceleração pelo qual todas essas startups passaram demanda encontros ao longo de dois a três meses e contribui significativamente para alavancá-las (já houve captação de cerca de R$ 365 milhões em investimentos) e, sobretudo, desenvolver os empreendedores.
Durante todos esses anos, diversas startups que atuam em diferentes setores já foram aceleradas por nós, e tivemos que lidar com diferentes modelos de negócio, perfis de empreendedores e estágios de desenvolvimento dos seus produtos e serviços. Todo esse tempo e experiência são, certamente, significativos, e o volume de conhecimento gerado é grande. Esse é um dos principais ativos construídos. Diante disso, cabe iniciar uma reflexão e compartilhar nossas experiências e as principais dicas do processo de aceleração de startups, confira!
1. Estruturar um modelo de negócios escalável e em condições de extrema incerteza é importante, mas não é tudo.
Ser escalável em situações de extrema incerteza é uma característica elementar de uma startup. Porém, conceber modelos de negócios nessas condições está longe de ser o aspecto central, o papel aceita tudo. Ou melhor, o Power Point aceita tudo. Praticamente todos os modelos de negócios irão passar por alterações quando submetidos aos testes de hipóteses junto ao mercado. Via de regra, não há modelo de negócios certo ou errado, bom ou ruim. O importante mesmo é saber testar as suas premissas, por meio de hipóteses bem fundamentadas, contando com um time integrado e complementar.
2. O processo de aceleração de startups é um desenvolvimento de novos aprendizados e descobertas. Ele não é uma corrida na qual o ideal é ser o mais rápido.
O tempo necessário para uma startup ser acelerada varia significativamente conforme as características particulares de cada empresa, mercado, tecnologia, serviço, modelo de negócios e etc. Além disso, boa parte das startups precisarão pivotar, o que demandará um esforço adicional para recalibrar sua rota de atuação. Na prática, isso exigirá, dentre outras coisas, uma dose adicional de tempo. Sendo assim, cada startup precisará de um tempo próprio de desenvolvimento ao longo do processo de aceleração. Chegar ao final desse processo em menos tempo que as demais pode não significar absolutamente nada, o que tem muito valor é aprender e descobrir coisas novas. Inclusive, é muito importante investir bem o tempo na sua startup. Outro ponto extremamente enriquecedor é monitorar os aprendizados e as descobertas e refletir sobre os avanços e desafios.
3. Um bom Pitch não é necessariamente aquele com slides fenomenais apresentados por um comunicador outsider.
Um programa de aceleração muitas vezes termina com a apresentação do Pitch das startups para um seleto público (clientes em potencial, investidores e parceiros, por exemplo). Entretanto, isso está longe de significar que o que deve ter destaque são as habilidades de comunicação dos empreendedores, ou os slides que serão utilizados. Isso ainda é entendido como diferencial para muitos empreendedores, mas na prática existem diversos fatores mais importantes e que devem ser levados em conta, como:
- a capacidade argumentativa de quem estiver apresentando;
- a forma como a narrativa foi organizada;
- quais são as premissas do negócio;
- como foram testadas as hipóteses;
- quais as qualificações da equipe;
- como estão estruturadas as provas de conceito;
- como o modelo de negócios permitirá a geração de valor, a partir das dores de mercado (que precisam ser validadas com fatos e dados, e não apenas baseando-se no senso comum).
Essa é uma das dicas mais importantes sobre a aceleração de startups e, em síntese, o diferencial é o conteúdo. A embalagem é sim necessária, porém não é ela que deve se sobressair.
Trouxemos aqui três dicas relevantes que usamos nos nosso programas de aceleração de startups junto de grandes empresas, mas certamente muitas outras podem ser acrescentadas a essa lista inicial. O exercício de analisar e estudar a aceleração de startups, após contato com mais de 1000 delas, é gratificante e, sem dúvida alguma, muito rico. As reflexões não se esgotam facilmente e diferentes pontos de vista podem trazer novos e relevantes insights. De todo modo, os aprendizados aqui apresentados dizem respeito a pontos chaves do processo de aceleração, que precisam ser ressaltados sempre junto aos empreendedores.