O intraempreendedorismo ganhou destaque e popularidade a partir da década de 1980. Isso sobretudo porque, nesse período, o mundo passava por mudanças econômicas que tornavam o cenário ainda mais competitivo. Não havia outra forma: as empresas precisavam inovar.
Somado a isso, as pessoas colaboradoras passaram a buscar mais autonomia, desafios e possibilidades de crescimento profissional. Isso tudo em um ambiente que valorizava cada vez mais a produção intelectual e a inovação.
Mas nessas décadas de projetos internos, muitos mitos se cristalizaram no inconsciente coletivo. Assim, o intraempreendedorismo é visto, muitas vezes, como algo distante e especialmente difícil. Neste artigo desvendamos os sete mitos da prática e damos dicas para promover o intraempreendedorismo em sua empresa.
O que é Intraempreendedorismo?
De acordo com os célebres autores Howard H. Stevenson e David E. Gumpert, para artigo seminal na Harvard Business Review, “é muito mais fácil e seguro para as empresas ficar com o que é familiar do que explorar o desconhecido”. Ou seja, segundo eles, santo de casa faz milagre.
Em síntese, intraempreendedorismo é o ato de empreender dentro de uma empresa já estabelecida. Diferentemente do empreendedorismo tradicional, no qual o indivíduo empreende uma ideia em solo mais ou menos desconhecido, o intraempreendedor desenvolve novas ideias, produtos ou processos dentro da estrutura organizacional.
Além disso, o intraempreendedor não assume os riscos financeiros da nova ideia. Isso faz com que ele tenha mais autonomia e liberdade. Nesse sentido, as empresas que incentivam a inovação interna se adaptam mais rapidamente às novas tendências. Mas não sem antes lidarem com uma série de mitos.
Mito 1: intraempreendedorismo é exclusivo de empresas gigantes
Muitos acreditam que apenas as corporações multinacionais têm os recursos necessários para incentivar o intraempreendedorismo. No entanto, essa é uma visão equivocada. Empresas de todos os tamanhos se beneficiam dessa prática. Pequenas e médias empresas também podem criar um ambiente que promova a inovação, desde que haja um compromisso claro com a cultura intraempreendedora.
Exemplo prático
Um exemplo disso pode ser visto em uma média empresa de tecnologia, na qual as pessoas desenvolvedores são incentivados a propor novas funcionalidades para um dos produtos. Isto é, mesmo com recursos limitados, a empresa implementa um sistema de feedback e recompensas para ideias inovadoras, o que resulta em melhorias significativas e mais motivação para a equipe.
Mito 2: intraempreendedorismo é apenas para departamentos de inovação
Há uma crença de que o intraempreendedorismo é restrito aos departamentos de inovação. Na realidade, qualquer setor da empresa se beneficia de uma abordagem intraempreendedora. Sendo assim, áreas tais como vendas, marketing, recursos humanos e operações adotam constantemente práticas inovadoras para melhorar processos e resultados.
Exemplo prático
Um exemplo claro disso é um departamento de marketing que utiliza dados de clientes para desenvolver campanhas mais personalizadas e eficazes. Com uma mentalidade intraempreendedora, os profissionais de marketing testam novas abordagens e ajustam suas estratégias com base nos resultados obtidos. Assim, aumentam a eficiência das ações.
Mito 3: intraempreendedores precisam de total liberdade
Embora a liberdade seja importante para a criatividade, os intraempreendedores não necessitam de autonomia total para serem bem-sucedidos. Na verdade, eles precisam de orientação, recursos e feedback constantes. Ou seja, as empresas devem fornecer o suporte necessário para que as pessoas intraempreendedoras desenvolvam suas ideias de forma alinhada aos objetivos estratégicos da organização.
Exemplo prático
Considere uma empresa de serviços financeiros que oferece um programa de mentoria para intraempreendedores. Esses mentores fornecem orientação, apoio e ajudam a alinhar os projetos intraempreendedores às metas da empresa. Essa abordagem garante que os esforços das pessoas intraempreendedoras sejam direcionados e eficazes.
Mito 4: intraempreendedores nascem prontos
Acreditar que os intraempreendedores já nascem com todas as habilidades necessárias é um equívoco. Embora algumas pessoas tenham uma inclinação natural para a inovação, as competências intraempreendedoras são desenvolvidas por meio de treinamento e experiência. Assim, empresas que investem no desenvolvimento das pessoas colaboradoras conseguem formar intraempreendedores bem-sucedidos.
Exemplo prático
Uma organização pode implementar programas de capacitação que ensinam habilidades empreendedoras tais como liderança, formação de rede, autoconfiança e criatividade. Assim, a empresa cria um ambiente que fomenta o surgimento de intraempreendedores qualificados quando proporciona essas oportunidades de desenvolvimento.
Mito 5: intraempreendedorismo sempre envolve grandes mudanças
Muitas vezes, o intraempreendedorismo é associado a grandes transformações. No entanto, pequenas melhorias também são formas valiosas de intraempreender. Sendo assim, inovações incrementais têm impacto significativo nos processos e resultados da empresa. Isso sem a necessidade de grandes revoluções.
Exemplo prático
Em uma empresa de manufatura, uma pessoa colaboradora pode sugerir uma pequena modificação na linha de produção que resulte em uma melhoria de eficiência. Embora a alteração seja pequena, o impacto é substancial e resulta em economia e aumento da produtividade.
Mito 6: intraempreendedores trabalham sozinhos
De uma vez por todas: o intraempreendedorismo não é uma atividade solitária. Assim, as pessoas intraempreendedoras frequentemente trabalham em equipe para desenvolver e implementar suas ideias. Em outras palavras, a colaboração é essencial para o sucesso dos projetos intraempreendedores. Então, empresas que incentivam o trabalho em equipe e a troca de ideias geralmente obtêm melhores resultados.
Exemplo prático
Em uma indústria, uma equipe composta por operadores, profissionais da logística e líderes de produção colaboram para criar um novo aplicativo que organiza o fluxo entre estoque e fabricação. Cada membro da equipe contribui com suas habilidades específicas, resultando em um produto final mais inovador e eficaz.
Mito 7: intraempreendedorismo é sinônimo de risco
Há uma percepção de que o intraempreendedorismo envolve altos níveis de risco. Entretanto, com a abordagem correta, é possível minimizar os riscos e maximizar as oportunidades. Um processo de validação de ideias, que inclui testes e ajustes, é fundamental para reduzir as incertezas e aumentar as chances de sucesso.
Exemplo prático
Uma empresa de varejo testa uma nova linha de produtos em um mercado limitado antes de lançar em escala nacional. Esse teste piloto permite avaliar a aceitação do produto e fazer ajustes conforme necessário, o que minimiza o risco e aumenta as chances de sucesso.
Como promover o intraempreendedorismo em sua empresa
Os mitos são tantos quantos são os benefícios do intraempreendedorismo: aumento da competitividade, melhoria na produtividade, redução de custos, crescimento sustentável, melhor reputação e atração de talentos. Mas, diante de tantas vantagens, como promover projetos intraempreendedores?
Cultura organizacional
Promover o intraempreendedorismo exige uma cultura organizacional que valorize a inovação. Então, as empresas devem reconhecer e recompensar as ideias inovadoras, promover a comunicação aberta e encorajar a experimentação. Criar um ambiente no qual as pessoas colaboradoras se sintam seguras para propor novas ideias é essencial para o sucesso.
Estrutura de apoio
Além de uma cultura favorável, as empresas devem oferecer uma estrutura de apoio adequada. Isso inclui recursos financeiros, treinamento e programas estruturados. Nesse sentido, contar com uma consultoria de inovação faz toda a diferença. Programas de incentivo, tais como competições de inovação e prêmios para os melhores projetos, também são eficazes para motivar as pessoas colaboradoras.
Liderança
A liderança desempenha um papel fundamental na promoção do intraempreendedorismo. Assim, líderes devem atuar como facilitadores, remover barreiras e oferecer suporte às pessoas intraempreendedoras. Ou seja, devem dar o exemplo, adotar postura aberta e receptiva a novas ideias e encorajar os times a fazer o mesmo.
Conclusão
O intraempreendedorismo é uma ferramenta poderosa para impulsionar a inovação. Então, desvendar os mitos sobre essa prática é importante para que as organizações explorem todo o potencial e colham os benefícios que ela oferece. Por isso, ao longo deste artigo, abordamos sete mitos comuns e fornecemos exemplos práticos para ilustrar como o intraempreendedorismo pode ser implementado de forma eficaz.
Promover o intraempreendedorismo exige compromisso claro com a criação de uma cultura organizacional que valorize a inovação e a experimentação. Ademais, empresas de todos os tamanhos podem adotar essa prática, desde que dispostas a investir em uma estrutura de apoio adequada e em programas de capacitação para seus colaboradores.
É importante lembrar que o intraempreendedorismo não se limita a grandes mudanças ou a setores específicos da empresa. Ademais, o sucesso depende da colaboração e do trabalho em equipe. Também, minimizar os riscos é possível com uma abordagem estruturada que inclua testes e validação de ideias.
Em suma, o intraempreendedorismo é uma estratégia valiosa para qualquer empresa que deseje se manter relevante e prosperar. Os benefícios, assim como os mitos, são muitos e amplamente validados. Para implementar programas de inovação interna em sua empresa, fale com um especialista:
