O que é Ambidestria Organizacional e qual a relação com a inovação   

A inovação, tema muito explorado e discutido no momento, é o caminho para a sobrevivência de organizações. Principalmente, na atualidade, que é marcada por mercados altamente competitivos, onde barreiras físicas e geográficas, para as mais diversas conexões, foram vencidas,  potencializando as possibilidades de negócios já consolidados e, também, novos empreendimentos. Ainda, de forma constante,  pessoas empreendedoras estão se desenvolvendo e maturando soluções para as mais diversas dores da nossa realidade. Assim, para que empresas e negócios continuem entregando resultados e  crescendo continuamente, é importante que elas se adaptem e desenvolvam habilidades para encontrar novas oportunidades de negócios e/ou soluções, além de investir no seu produto ou solução, evoluindo constantemente, de forma a não se tornar algo obsoleto e ultrapassado. Nesse post, nós falaremos sobre os impactos e os desafios de organizações para conciliar dois caminhos inovativos, ao que chamamos Ambidestria Organizacional. 

Ambidestria Organizacional: o que é e qual a relação com a inovação?   

A ambidestria organizacional no contexto da inovação vivenciada pelas empresas, em via de regra, se dá por meio da combinação de duas estratégias: a disruptiva (exploration) e a incremental (exploitation). 

Sobre a ambidestria, muitas pesquisas e estudos desde os anos 2000 apontam para um cenário de crescimento de vendas, sobrevivência de negócios e desempenhos positivos quando as empresas se empreitam nesse desafio de explorar novos mercados e ideias,  ao mesmo tempo em que desenvolve e incrementa os seus negócios já existentes e consolidados. Falaremos a seguir sobre essas formas de inovação e seus desafios para a organização. 

A Inovação Disruptiva (Exploration)

Com relação ao comportamento dessas corporações  em buscar novos negócios,  o desafio para a disrupção se dá exatamente pelo seu caráter arriscado, incerto e revolucionário, o que demanda estruturas que possam propiciar a flexibilidade e experimentação, assim como uma postura aberta para resultados incertos ou negativos. Nesse sentido, investir na  inovação por exploração demanda das pessoas empreendedoras habilidades e comportamentos essenciais para lidar com o  incerto, com a frustração e com os desafios que emergem da exploração de novas ideias radicais, onde normalmente não existem soluções pré-prontas. Um bom exemplo desse tipo de inovação é nosso queridinho Netflix. A gigante do streaming começou suas atividades a partir de uma ideia do Reed Hastings e do Marc Randolph, co-fundadores da Netflix, de trabalhar com locações de DVDs via correspondência: uma solução bem mais conveniente do que ter que se deslocar até as locadoras. Depois disso, a empresa decidiu interromper o formato de seu negócio e se desafiar no mercado, até então muito pouco explorado, da mídia streaming, abrindo caminho, assim,  para um novo segmento que revolucionou a indústria de filmes e séries. 

A Inovação Incremental (Exploitation)

 Já na inovação incremental, os retornos ou resultados de tudo o que foi investido são vistos a curto prazo e são bem menos incertos e arriscados. Além disso, garantem a sobrevivência financeira da organização, tendo em vista se tratar de mudanças voltadas para melhoria e refinamento das soluções, produtos e processos que já estão no mercado, expandindo, assim, o leque de atuações desses negócios.  Podemos citar, para ilustrar isso,  o massivo mercado dos games! Todos os anos são lançados e disponibilizados novos jogos e consoles, de maneira que, constantemente, a tecnologia aplicada é refinada e melhorada a fim de proporcionar maior imersão, interatividade e fascínio em seus jogadores. Se compararmos os jogos lançados há cinco anos com os lançamentos atuais, veremos que muitos incrementos foram realizados, inovando e impactando a experiência dos usuários desses produtos. 

Aproveitando a linha de exemplos, podemos entender melhor a ambidestria organizacional – inovação disruptiva e incremental acontecendo concomitantemente,  através da gigante Amazon. O que era um e-commerce apenas de ebooks, hoje atua com compras e vendas nos mais diversos nichos de produtos, dominando essa área. À medida em que melhora e incrementa o seu negócio e sua estrutura base, a Amazon também investe na exploração de novas oportunidades disruptivamente inovadoras, como é o caso da iniciativa Amazon Go. Essa iniciativa  se trata de uma loja que se propõe  não ser intermediada por caixas e qualquer checkout, de forma que o usuário possa simplesmente pegar o item da prateleira e ir embora. O item retirado da prateleira é adicionado ao carrinho de compras virtual e quando o cliente sai da loja, o pagamento é efetuado. Radical, não? 

Algumas conclusões sobre a Ambidestria Organizacional

O corpo de pesquisas, que há tempos investiga o processo de ambidestria de negócios e organizações, de forma geral, aponta para pelo menos três conclusões principais sobre esse fenômeno:  

  1. O fenômeno da ambidestria está positivamente relacionado com o desempenho empresarial; 
  2. Esses efeitos observados se relacionam com o ambiente e o momento em que a organização se encontra, de maneira que um ambiente de incerteza, adicionado a bons recursos disponíveis, é  mais favorável à ocorrência dessa transformação. Sobre isso, uma meta-análise realizada em 2013 aponta que a ambidestria é mais forte em organizações voltadas para a tecnologia do que aquelas voltadas para a manufatura, o que vai ao encontro do ponto 2, uma vez que empresas de tecnologia tendem  possuir uma realidade de mais incerteza, ao passo que esse segmento vem sendo fortemente investido nos últimos anos. 
  3.  Existem estudos robustos que  examinam com profundidade como a ambidestria se desenvolve ao longo do tempo. Por exemplo, em 2012,  foi publicado um estudo mostrando como, durante um período de 65 anos, uma empresa conseguiu se adaptar por meio de diferentes formas de ambidestria. Tratam-se de conteúdos ricos que podem ajudar outras organizações a inovarem de forma ambidestra e enfrentar os grandes desafios que se apresentam nesse processo. 

Apesar desses avanços, ainda existe muito a ser entendido sobre como esse fenômeno acontece, ou seja, quando o disruptivo e o incremental coexistem. Ainda existe uma confusão sobre o que significa exatamente o termo “ambidestria organizacional”, uma vez que o  uso genérico desse termo é vago e só fala da capacidade de empresas de fazer simultaneamente as duas coisas, assim como, ao falar sobre inovação incremental e disruptiva, o limiar que os separa pode ser muito tênue, o que pode causar confusão com relação ao uso desses termos para descrever os momentos vivenciados pelas organizações. Ainda assim, é comprovado o impacto que o processo de ambidestria tem na realidade de empresas que enfrentam mercados competitivos, mudanças ambientais significativas e um grande avanço tecnológico. Esse processo permite às organizações sentirem e aproveitarem as oportunidades de exploração e de incremento de seus atuais e futuros negócios inovadores, aumentando a probabilidade de sobrevivência delas. 

Você quer entender um pouco mais sobre esses tipos de inovação? Confira nosso  artigo  Tudo sobre Inovação: conceitos e práticas para inovar,  onde exploramos a fundo esses conceitos! E caso tenha qualquer dúvida, entre em contato conosco. 

Compartilhe! Escolha a sua plataforma!

Sou graduado em Psicologia pela UFMG e desde o início da minha trajetória acadêmica tenho me interessado pelas diferenças individuais, personalidade e comportamento nos desfechos profissionais da vida e no empreendedorismo. Possuo experiência no desenvolvimento de pessoas em times de tecnologia e promoção da flexibilidade psicológica na vivência profissional. Ah, e gosto de compartilhar a vida com pessoas que me lembram constantemente o que é viver com significado.
Ir ao Topo