A efervescência da inovação e aonde ela pode nos levar

É notória a efervescência da inovação nos últimos anos no Brasil, acelerada pela pandemia, mas fortalecida pela necessidade de transformação das empresas. Observamos hoje neste mercado, a que chamamos carinhosamente de ecossistema, um ambiente fervoroso em que conceitos e metodologias invadiram irreversivelmente as organizações e até a mídia.

Temos hoje um desejo enorme das empresas de dominar as metodologias de inovação, construir seus processos e encontrar oportunidades através da inovação aberta em startups e universidades. Na iniciativa pública vemos diferentes tipos de programas voltados às startups e desenvolvimento de inovação serem desenhados e implementados. Nas universidades temos alunos com forte intenção empreendedora que começam a desenvolver seus negócios ainda durante o curso, com apoio de Labs, professores e programas da instituição. Na mídia temos colunas, programas de reality show, veículos cada vez mais especializados no tema. As associações setoriais promovem eventos e levam como pauta recorrente em seus meios de comunicação a inovação. 

Isso tudo reflete o ambiente de investimentos, cada vez mais diverso, organizado em verticais temáticas, buscando dar oportunidades para negócios de pessoas sub-representadas na sociedade e atraindo investidores de todo perfil e ticket de investimento.

Ainda assim, quando olhamos nossos esforços de inovação em alguns desses ambientes, vemos que a efervescência não reflete em resultados tangíveis como era esperado. No primeiro ano de pandemia a expectativa de que a inovação decolasse veio de importantes esforços que observamos na ciência e na indústria em trazer respostas para a crise vivenciada. Esta esperança foi registrada em relevantes meios temáticos ou econômicos. Entretanto, apesar de importantes investimentos em startups, no ambiente corporativo a ansiedade ainda é maior que o resultado. O que está acontecendo?

Desafios para aumentar os resultados de inovação

Investimentos corporativos 

As empresas estão investindo em reorganizações funcionais e estratégicas que potencializam a dinâmica que desejam dar aos negócios, que facilitam o processo de transformação digital ou que as adaptem à nova realidade de supply – seja aumentando seu inventário seja redesenhando sua gestão.  Durante estes processos certamente as inovações vão sendo incorporadas, mas como são processos longos e custosos pode levar um tempo até que as empresas se beneficiem efetivamente do esforço.

Um ponto de atenção neste caso diz respeito à forma como as mudanças estão sendo conduzidas, realizar com muita velocidade pode significar perder oportunidade de considerar tecnologias e novos processos. Também pode causar demasiada sobrecarga interna, que  tem efeitos humanos importantes, em geral paralisando as pessoas e gerando muita ineficiência.

Estes investimentos podem acelerar ainda mais a inovação, se a empresa tiver capacidade de tornar o processo mais participativo e aberto para soluções externas. Assim, ele pode nos levar a novos modelos de negócio ou novos patamares de desempenho.

Trabalho Remoto e Inovação

Aprendemos a realizar o trabalho de forma remota, mas ainda não aprendemos as melhores formas de gerir os times, rotinas e processos. A grande dificuldade em definir a rotina do trabalho híbrido reflete isso e a ineficiência é uma consequência inevitável.

Sabemos que sem dominar e nos sentir absolutamente confortáveis com o trabalho remoto, sem nos beneficiarmos pessoalmente dele em nossa rotina, dificilmente seremos capazes de contornar os custos que eles geram ao processo de inovação, por exemplo, em processos de ideação, formação de times intraempreendedores, criação de vínculos de confiança entre departamentos etc. Ainda estamos desenvolvendo as novas habilidades para fazer com que o trabalho remoto funcione para as pessoas e empresas e favoreça a inovação.

O desenvolvimento da cultura de inovação

Para aprendermos novas habilidades enquanto seres humanos, o processo de variação comportamental é fundamental. Começamos a ensaiar novas formas de agir e avaliar os resultados que elas terão. Quando falamos de cultura organizacional, este processo acontece com um grupo de pessoas, e é exatamente nesta fase em que estamos.

Dentro das organizações a variação comportamental começa a acontecer, timidamente ou sem confiança, e as pessoas esperam ansiosas pelo resultado disso. 

No entanto, a falta de direcionamento claro sobre o futuro, sobre o que é esperado dessa variação é uma ameaça real ao processo. Isso porque sem a direção, não sabemos o que é um bom resultado. Somada a esta, temos a ameaça da falta de sistemática no processo de desenvolvimento de habilidades que sabemos serem necessárias. Tudo isso deixa as pessoas inseguras e perdidas, impactando fortemente o seu desempenho na organização e também sua saúde mental.

Apoiar a mudança de cultura envolve apoiar as pessoas em seus processos de aprendizado, o que poucos líderes estão assumindo como sua prioridade atualmente (até porque eles próprios precisam passar por este processo e não se deixam ajudar).

Diante de todos estes desafios, o que pode ser feito para tirar proveito de toda esta efervescência?

Tirando proveito da efervescência da inovação

Para fazer com que todas estas oportunidades se transformem mais rapidamente em resultados de inovação, algumas dicas são importantes:

  1. Conhecer bem os desafios do seu ambiente: conhecer bem as dores e como elas impactam o resultado do negócio em várias áreas te dá uma visão do que pode ser prioridade para a empresa.
  2. Conhecer e se relacionar com o ecossistema de inovação: hubs, programas de interação, eventos setoriais de inovação, conversas com pares, tudo isso ajuda a entender os recursos disponíveis do lado de fora da empresa, e que você pode acessar.
  3. Foco: esse é um aprendizado diretamente do mundo das startups, sem foco o negócio não avança, porque a inovação é cheia de barreiras e surpresas, é importante definir um foco de atuação dentro de uma zona de oportunidade que a empresa está disposta a investir.
  4. Desenvolva-se e desenvolva seu time: não é só conhecimento que falta, este é fácil suprir, são as habilidades que têm feito diferença e sem auto-conhecimento seu processo de upskilling ou reskilling pode ser muito mais longo e bastante desmotivador. 
  5. Colaboração: abra desafios, confie nas pessoas, encontre oportunidades que beneficiam vários players, isso tornará o processo mais forte e o time mais completo.

O mês da Inovação chega na Troposlab como forma de celebrar e dar visibilidade a esta efervescência, e também de aprender a utilizá-la para gerar resultados efetivos de inovação, navegando com eficiência em diversas zonas de oportunidades. Conheça a programação completa em mesdainovacao.com.br.

Por |2022-10-05T14:21:35-03:0014/09/2022|inovação|

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Sou psicóloga e mestre em Administração. Trabalho com inovação desde 2005 e nesse caminho me formei também com o Steve Blank, Marc Stickdorn e Jurguen Appelo. Conhecendo inovação, comportamento, novas formas de gestão e design, repenso a gestão da inovação nas grandes empresas, com enfoque nas pessoas e ambiente, indo além de processos e ferramentas. Sou idealista, mãe, amante da boa música e da arte. Nas horas livres você pode me ver correndo por aí, viajando ou brincando feroz com balões de água.
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