Os serviços de streaming mudaram radicalmente a maneira como consumimos música, filmes e séries. Quando falamos em serviços de streaming de música, o Spotify nos vem automaticamente à cabeça, já que a empresa foi uma das maiores responsáveis por essa inovação que proporcionou uma revolução no setor musical. Contudo, o caso de sucesso do Spotify não aconteceu da noite para o dia e nem num passe de mágica. Esse texto mostra um pouco das práticas e da cultura dessa empresa que a transformaram em uma grande referência em inovação.
O Spotify valoriza muito a inovação e o desenvolvimento de ideias. Isso pode ser percebido já no organograma na empresa: abaixo do CEO, está a pessoa responsável pelo P&D da empresa. Além disso, a empresa organiza seus funcionários em times de trabalho chamado squads, responsáveis pelo desenvolvimento de ideias e por projetos de inovação. É de lá que a maioria das ideias surgem, inclusive.
O que são squads e tribes
Os squads são desenhados para funcionar como startups. Eles são um time de normalmente 6 pessoas de funções diferentes que trabalham de maneira autônoma e se organizam da forma que eles mesmo julgarem ideal. A eles são fornecidos os recursos para pensar, desenvolver, testar e lançar as ideias que eles acharem relevantes. Eles tomam suas próprias decisões e não possuem um líder, mas têm uma pessoa para ajudá-los na priorização do que deve ser feito e para garantir que o trabalho esteja alinhado com os objetivos, a missão e a estratégia da empresa. A ideia é que pequenas decisões possam ser tomadas no nível onde elas são necessárias, já que a empresa preza por uma estrutura horizontal, portanto, todas as informações precisam ser compartilhadas dentro dos squads.
Visando a troca e compartilhamento de conhecimentos, os times são organizados em grupos maiores chamados tribes. Em uma mesma tribe estão squads trabalhando em projetos de áreas similares. Mesmo não estando em projetos similares, pessoas de tribes diferentes podem se ajudar e trocar ideias.
Como funciona o modelo Spotify
Para alcançar trabalhar em um projeto com um squad, é necessário que os funcionários consigam realizar suas tarefas rotineiras. Portanto, 70% do tempo de trabalho deve ser dedicado ao cumprimento das funções inerentes ao cargo. O restante do tempo pode ser usado no desenvolvimento de novas ideias, experimentação de novas ferramentas, etc. Os engenheiros de sistema da empresa, inclusive, dedicam 10% do seu tempo a educação, através de cursos e capacitações fornecidas pela empresa.
O Spotify acredita que por mais que a cultura da empresa seja apresentada quando os funcionários entram, eles são realmente formados nos squads, trabalhando de maneira colaborativa. A empresa fornece aos squads coaches para auxiliar, tanto o grupo quanto os indivíduos que o formam, a identificar as competências que eles precisam e gostariam de desenvolver.
Existem também limites no trabalho dos squads. Nem todos os funcionários conseguem dedicar carga horária aos projetos de inovação, pois possuem muito trabalho rotineiro. Além disso, os grupos precisam levar em consideração os custos e os recursos em geral relacionados ao projeto.
A Hack Week
Uma vez por ano acontece a Hack Week, que é um período de 5 dias onde os trabalhadores do Spotify podem trabalhar no que eles quiserem e podem se misturar em times como preferirem. Inicialmente se tratava apenas de 1 dia, mas a empresa decidiu expandir para uma semana inteira para que projetos mais complexos pudessem ser desenvolvidos. O principal objetivo é gerar inovação, porém, as ideias não necessariamente precisam ser inovadoras e nem diretamente ligadas ao Spotify, pois acredita-se que o conhecimento proveniente do processo pode ser mais rico e valioso no futuro do que a ideia em si. Também é desejado com a Hack Week que as pessoas da empresa se conheçam e que as barreiras entre departamentos e entre squads sejam quebradas.
Um outro ponto relevante da cultura do Spotify é o lema “move fast and fail hard”. Falhas são vistas como oportunidade de crescimento e são inclusive desejadas. A empresa acredita que para conseguir construir algo incrível, erros são inevitáveis e existem riscos, por isso, então eles querem errar rapidamente, para aprender rapidamente e melhorar rapidamente. O foco não é em quem errou, mas sim no aprendizado que se pode ter com o erro. Alguns squads inclusive possuem uma “parede dos erros”, onde eles compartilham suas falhas e os aprendizados. Contudo, por mais que a empresa assuma riscos, eles variam nas diferentes partes da empresa, pois os erros cometidos não podem ser letais.
Claro que nem toda empresa está pronta ou quer assumir de forma tão profunda as mudanças culturais a que o Spotify se propõe. Mas você pode se inspirar nas práticas e ações de inovação deles, dando o primeiro passo para estabelecer uma cultura sólida e de resultados. E se não tem ideia de como fazer isso, conte com a gente.
Referências bibliográficas: Schub, J., Ivarsson, A., & Von Sydow, O. “Innovation is at the heart of everything we do” – How to sustain innovation and entrepreneurship, the case of Spotify (2017).