Se você está no mundo do empreendedorismo com certeza você já recebeu ou já deu uma mentoria para alguém. No meu entendimento mentorias nada mais são do que um novo nome para consultorias, aulas, dicas, conversas formais ou informais para troca de conhecimentos. E elas são fundamentais hoje para o desenvolvimento de um empreendedor, afinal de contas quase nenhum de nós fomos formados para ser empreendedores (como já falamos anteriormente aqui).
O nosso sistema educacional foca na formação de colaboradores e, quando falamos de universidades, o foco em geral é em nos formar para estarmos prontos para trabalhar em grandes empresas ou no setor público. Exatamente por isso, o mundo do empreendedorismo tem uma tendência a ser um pouco mais autodidata.
Como sempre precisamos de ajuda para nos formarmos, a troca de conhecimentos e, por consequência, as mentorias fazem parte da vida de quase todos os empreendedores hoje em dia. Mas será que estamos preparados para esse tipo de interação?
Ao longo da nossa formação nos acostumamos a conversar com professores, os quais assumimos que para aquele assunto são os donos da verdade. Nos acostumamos a perguntar e esperar respostas definitivas. Mas no mundo de negócios nem sempre é assim.
Muitos empreendedores vêem os seus mentores como donos da verdade e buscam as respostas definitivas nas conversas com eles. E, muitas vezes, esses mentores realmente tem uma experiência valiosa que pode ajudar em seus negócios e deve ser considerada. Mas tenho visto ao longo dos anos os empreendedores fazerem algumas perguntas erradas aos seus mentores.
A seguir alguns exemplos dessas perguntas e porque geralmente é inútil fazê-las a seus mentores:
1- Você acha que o meu negócio vai dar certo no Brasil?
É muito comum empreendedores trazerem para o Brasil soluções que já foram implementadas em outros países e algumas vezes eles esperam respostas definitivas dos seus mentores sobre a possibilidade de sucesso das suas ideias. O mais curioso é que, quando não encontram as respostas positivas, assumem uma posição defensiva de justificar o porquê a sua ideia dará certo.
Esse tipo de pergunta só gera respostas vazias ou que apenas endossam a própria opinião do empreendedor.
2- Você compraria o meu produto?
Essa é uma pergunta clássica que não deve ser feita ao mentor e sim ao cliente. Não importa se o seu mentor vê ou não valor na sua solução e sim se o cliente vê. Cansei de mentorar startups que eu não tinha nenhum apego pela solução, mas os clientes amavam. Da mesma forma, já encontrei várias soluções que eu torcia para darem certo, mas que ninguém estava disposto a comprar.
O seu mentor pode te ajudar com metodologias, dicas de experiência no mercado, conhecimento técnico, compartilhando cases de sucesso, mas quem irá validar ou não as suas dúvidas de negócios serão os clientes.
3- Qual é o melhor caminho para atração de clientes, ou para desenvolvimento do meu modelo de negócios?
Cada negócio é diferente do outro. Não espere de nenhum mentor a melhor resposta de determinado caminho para o seu negócio. Se ele soubesse essa resposta viraria o seu sócio e não o seu mentor. O que o mentor pode te ajudar é compartilhando o que ele já viu, viveu e experimentou em outras empresas. Mas isso não quer dizer que funcionará na sua. Para encontrar o melhor caminho para a sua empresa somente com muito teste e aprendendo com cada um deles.
Por fim cuidado com mentores que dão muitas ideias ou trazem muitas críticas. O papel do mentor não é ser o dono da verdade e sim trazer provocações que você ainda não se fez. Prefira os mentores que respondem bem as perguntas que você traz e/ou os mentores que te trazem mais perguntas, para provocar novas formas de pensar.
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