Esses dias estava lembrando sobre um grupo que eu participava no Facebook sobre Receitas de Air Fryer (aquele forninho elétrico que te permite fritar sem óleo). Inicialmente, esse grupo tinha um objetivo claro: compartilhar receitas que pudessem ser feitas nesse forninho chique. Com o passar do tempo, os compartilhamentos começaram a ser sobre vantagens e desvantagens das marcas, dicas de limpeza e utilização, auxílio mútuo em situações particulares com o equipamento, receitas com tags para nichos diferentes (pessoas celíacas, veganas, crossfiteiras). E por que eu tô falando disso? Porque esse grupo se tornou uma comunidade.
Tá, mas o que é uma comunidade?
A comunidade que estou me referindo aqui pode ser considerada como um conjunto de pessoas que possuem um propósito em comum. As comunidades podem acontecer de várias formas:
- de modo orgânico/ligada à ações, como o exemplo do forninho chique ou um grupo de memes no Telegram, como o Melted Vídeos;
- pode estar vinculada a uma identidade, como uma comunidade de pessoas pretas na tecnologia ou a própria comunidade de pessoas LGBTQIA+;
- pode estar vinculada a uma marca, como a marca de motos Harley Davidson ou a Obvious, que cria conteúdo para mulheres;
- pode estar ligada a um propósito, como uma comunidade de startups que visa ajudar pessoas empreendedoras de uma mesma região a terem sucesso.
Esses são alguns exemplos, mas é importante se ter em mente que uma comunidade não precisa seguir essas categorias que coloquei acima. Cada comunidade é única e tem seu próprio jeitinho de funcionar.
Onde comunidade e inovação se encontram?
Por mais que muita gente fale em inovação, seu conceito em si varia bastante de acordo com o contexto. Isso pode ser visto nesse artigo do Eric Shaver, diretor técnico do Human Factors MD, “The Many Definitions of Innovation”, que fez uma curadoria de definições do que é inovação.
Todas essas (in)definições, somadas aos discursos de endeusamento da inovação e à falta de incentivo de uma cultura de inovação dentro das empresas, podem ser fatores que deixam a inovação como algo distante do nosso dia-a-dia e associada à tecnologia, necessariamente. Além disso, a gente tem aquela ideia de que quem inova é quase que um gênio solitário incompreendido, tipo o Albert Einsten.
Na realidade, inovação é algo bem mais simples do que um aparato tecnológico disruptivo. Ela pode estar numa resolução de um problema, na otimização de um processo, em ligar conceitos que antes não eram conectados, em colocar uma ideia em prática. Isso porque a inovação não é feita só com tecnologia, mas é sempre feita com pessoas.
É aqui que comunidade e inovação se encontram, nas pessoas.
E como uma comunidade pode destravar a inovação?
Apesar de inovação poder ser mais simples do que criar uma super tecnologia nova, inovar não é uma tarefa simples. Existem muitas barreiras que podem surgir ao montar um novo negócio, ao tentar intraempreender, ao tentar implementar inovação aberta numa corporação e inúmeras outras barreiras que podem surgir em cada jornada. Por isso, existem comunidades que contribuem para que essas barreiras diminuam.
Um exemplo disso, é uma comunidade de startups. Segundo Bred Feld e Ian Hathaway, no livro “The Startup Community Way (Techstars)”, uma comunidade de startups é um grupo de pessoas que – por meio de suas interações, atitudes, interesses, objetivos, senso de propósito, identidade compartilhada, companheirismo, responsabilidade coletiva e administração do lugar – estão fundamentalmente comprometidas em ajudar as pessoas empreendedoras a ter sucesso.
Pertencer a uma comunidade pode trazer inúmeros benefícios, mas escolhi alguns aqui que podem ajudar a destravar a inovação:
- o sentimento de aceitação pode dar força ao seu propósito, negócio, objetivo e te fazer ir mais longe;
- o sentimento de pertencimento pode deixar essa jornada menos solitária;
- a colaboração, um dos pilares para se estar numa comunidade, pode te ajudar a conseguir diversos tipos de apoio (mentorias, parcerias, negócios, conexões);
- compartilhar experiências pode te auxiliar a expandir seus conhecimentos e diminuir barreiras;
- e, por último, você pode aumentar seu networking e conhecer pessoas diversas.
É importante colocar aqui que isso só irá funcionar se você colaborar com essa comunidade, tá?!
Como fazer parte de uma comunidade de inovação?
Isso irá depender do momento em que você está, do contexto da sua cidade e/ou do seu objetivo.
Por exemplo, se você está iniciando nesse mundo de inovação, eu recomendo participar de um Techstars Startup Weekend. É uma imersão de um final de semana para aprender a tirar uma ideia do papel e transformá-la num negócio. O evento é interessante para iniciar sua jornada, mesmo que você não queira fazer uma startup.
Além disso, você pode participar da comunidade de pessoas empreendedoras/startups da sua cidade. Nestes relatórios da ABStartups, você pode procurar se sua cidade já tem uma.
Caso você já tenha um negócio/startup recomendo participar de hubs de inovação, mas, normalmente, essas são comunidades fechadas.
E, por último, você pode fazer parte da nossa rede de aceleradas, se inscrevendo nos nossos programas. Se quiser ficar por dentro cada vez que um deles for aberto, é só se inscrever aqui: