Processamento comportamental no desenvolvimento de habilidades empreendedoras

“Nossos avós viveram uma época de mudanças, nós vivemos uma mudança de época”. A célebre frase do Frei Betto, jornalista e escritor brasileiro, sintetiza bem o desafio de empreender na contemporaneidade em meio a mudanças tão radicais. Desafio este que exige das pessoas empreendedoras certas habilidades: formas aprendidas de se portar em determinadas situações. Neste artigo, iremos discutir sobre o processamento comportamental, no que diz respeito à aprendizagem das habilidades empreendedoras na metodologia da Troposlab. 

Vivendo e aprendendo

Se perguntarmos aos nossos leitores quantas vezes, quando criancinhas,  precisaram cair, se machucar e passar “por poucas e boas” para aprenderem uma lição, é bem possível que a resposta seja “inúmeras vezes”. A experiência com o mundo real,  vivenciar,  conhecer e aprender  com ele, num ciclo sem fim, faz parte do desenvolvimento não só de pessoas, mas de todos os  organismos vivos, até mesmo  de uma ameba – literalmente. E essa capacidade de explorar, aprender e desenvolver repertórios, atualmente, tem sido fortemente exigida, visto as intensas transformações sociais e tecnológicas que ocorrem a cada momento.  Isso se reflete, também, na forma como empresas e organizações se relacionam com as demandas e necessidades que se apresentam em seus negócios e mercados de atuação.  Um exemplo é o manifesto ágil e novas metodologias baseadas nele, como o Scrum, que, de acordo com um de seus pilares fundamentais,  propõe ciclos de testagens e aprendizagem contínua, processando a experiência vivida numa faixa de tempo, levando esses conhecimentos para os próximos desafios. A palavra de ordem é adaptação. 

No campo de empreendedorismo e inovação não é diferente; a educação empreendedora, treinamentos e desenvolvimento de habilidades têm sido cada vez mais  temas recorrentes, tanto no mundo empresarial quanto no meio acadêmico. Isso se dá principalmente pelo que foi discutido até então neste artigo sobre a necessidade de se adaptar às exigências do mercado e aprender com ele. Assim como  desenvolver os conhecimentos técnicos necessários e aprender as práticas mais efetivas,  é  muito importante olhar para quem faz com que o empreendedorismo aconteça e que é capaz de se adaptar:  a pessoa por trás do empreendimento. 

Mas aprendemos mesmo? 

Quando falamos sobre educação empreendedora, a maioria de nós imagina um processo no qual o indivíduo entra por uma porta, com poucos conhecimentos e habilidades, e sai por outra com todas elas domadas e prontas para serem postas em prática. Não, não é bem assim. Pesquisadores das mais diversas áreas, como médicos, psicólogos e neurocientistas, têm se voltado há muito tempo para compreender como o desenvolvimento humano e processos de mudança e adaptabilidade acontecem. Podemos perceber que não é algo fácil, simples ou já dominado. Aprender que enfiar o dedo na tomada não é algo bom e, portanto, deve ser evitado,  pode ser relativamente simples. Mas, quando trazemos isso para as mais diversas relações que estabelecemos com o mundo, como a atividade de empreender, a complexidade aumenta exponencialmente. E como garantimos, então, que de fato aprendemos algo e que um processo de aquisição de conhecimentos e habilidades foi efetivo? A ciência do comportamento não se propõe a dar uma resposta definitiva, mas aponta alguns caminhos com evidências de sucesso. Isso é o que pincelaremos nos parágrafos a seguir. 

O processamento comportamental na Troposlab

Os agentes de comportamento na Troposlab  são os profissionais que, de forma bem simplista, apoiam e impulsionam o processamento comportamental das pessoas empreendedoras.  Mas o que isso significa? Bem, como dito, desenvolver habilidades é um processo importante e vital  e, como difundido pela Troposlab, quem empreende precisa de habilidades para empreender.  Assim, nos mais diversos cenários, os empreendedores estão se movendo e comportando-se a fim de descobrir e investigar problemas e oportunidades no mundo real, com o intuito de transformá-los em soluções operantes e funcionais para a nossa sociedade. Essas são, então, riquíssimas oportunidades de experiências que precisam ser convertidas em aprendizados e, consequentemente, habilidades para continuamente desenvolverem suas ideias, negócios e soluções, além de poderem desbravar nossos mercados e possibilidades. Mas, só experienciá-las não é totalmente suficiente para aprender. Se perguntarmos, novamente, para os nossos leitores, quantas vezes repetimos erros ou comportamentos não desejados, mesmo já tendo vivenciado determinada situação mais de uma vez e visto as consequências, é provável que a resposta seja “muitas vezes”. 

Dessa forma, uma das etapas dos nossos processos de aceleração e de empreendedorismo é o processamento comportamental, que é uma maneira de colocarmos os empreendedores em contato com a experiência vivenciada. Assim, processar, nesse contexto, é refletir sobre as ações, buscando descrever os comportamentos, suas consequências e o cenário em que ocorrem. Ainda, e não menos importante , investigamos junto às pessoas que empreendem como eles experimentam tudo isso internamente, de forma que possam escolher se comportar de determinada maneira. É uma “tomada de consciência” a respeito da forma como agem e  das consequências disso no mundo ao seu redor e  neles mesmos. 

Ainda sobre esse processo, cada fase ou momento do empreendedorismo exige comportamentos específicos para os desafios dessa etapa vivenciada, de forma que os agentes de aceleração e de comportamento  precisam se adaptar a essas diferentes situações e fases, fazendo uso de instrumentos, associações, estudos de casos, alusões, mapeamentos experienciais e de toda a pesquisa disponível e atual. É uma construção que exige esforços de ambas as partes, empreendedores e agentes. 

Concluindo, como ciência,  esse processo é construído e aprimorado continuamente, através de pesquisas voltadas para o empreendedorismo e inovação e, é claro, da experiência vivenciada junto aos empreendedores, nesse fantástico fenômeno que é o comportar-se para empreender!

Quer conhecer mais sobre comportamento empreendedor? Temos um artigo no nosso blog onde nos aprofundamos sobre esse tema, é o “O que é comportamento empreendedor?” e também indicamos o Como trabalhar a cultura e o comportamento para gerar resultados efetivos de inovação na sua empresa. Qualquer dúvida, entre em contato conosco!

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Sou graduado em Psicologia pela UFMG e desde o início da minha trajetória acadêmica tenho me interessado pelas diferenças individuais, personalidade e comportamento nos desfechos profissionais da vida e no empreendedorismo. Possuo experiência no desenvolvimento de pessoas em times de tecnologia e promoção da flexibilidade psicológica na vivência profissional. Ah, e gosto de compartilhar a vida com pessoas que me lembram constantemente o que é viver com significado.
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