Você já teve um problema em algum momento da sua vida? Já pensou ter encontrado a origem de um problema, mas na verdade a causa era outra? Se sentiu aliviado ao resolvê-lo?
Se você respondeu sim para essas três perguntas, você já conhece mais do que imagina sobre problemas. Porém, é preciso deixar claro que, não existe uma receita pronta de “Como formular um bom problema”, mas existem caminhos que te ajudam, e até o fim deste texto garanto que você saberá como fazê-lo.
Os problemas aparecem e isso é extremamente comum no nosso dia a dia. A maioria deles são tão banais, do tipo carregar uma bolsa pesada e ficar com dor nos ombros, ou o fato das bananas amadurecerem em um período mais rápido do que você pode consumi-las e você ter que jogar fora. Provavelmente, você também já deve ter vivenciado um desses “problemas”, mas como as soluções que encontramos são tão práticas, provavelmente, você não refletiu sobre as causas, apenas encontrou uma solução e seguiu a sua a vida.
Agora trazendo pro contexto da inovação, por que é tão difícil encontrar problemas reais que precisem ser resolvidos de forma urgente?
Bem, primeiro por um motivo da nossa natureza, o nosso cérebro é preguiçoso e tendemos a aceitar as primeiras respostas e nos contentarmos com elas, sem pensar muito sobre o processo. Por exemplo, se a bolsa está pesada, da próxima vez usamos uma mochila, não paramos para observar os itens desnecessários que levamos. Se a banana amadureceu, jogamos fora, não calculamos se talvez tenhamos comprado mais quantidade do que éramos capazes de consumir. Esse fato de não questionarmos as causas e, consequentemente, as soluções que damos aos problemas é um erro sério, porque ao não os resolvermos de fato, eles tendem a se repetir. Além disso, a gente não estimula o nosso senso crítico a respeito dos problemas que nos rodeiam.
O segundo erro é que não temos tempo, ferramentas e o hábito de pensar os problemas em suas formas mais abrangentes. E quando falamos de problemas das empresas temos mais um agravante, problemas podem indicar falhas humanas, de processos, de comunicação ou todos eles juntos e infelizmente esses erros para muitos gestores são sinais de incompetência. O que, na maioria das vezes, não é verdade (inclusive temos um artigo inteiro dedicado à cultura do erro, se você é gestor ou está iniciando um processo de inovação na sua empresa, a leitura é obrigatória).
Terceiro ponto, quanto mais pessoas e recursos envolver um problema, mais complexo será resolvê-lo. Para tornar mais claro, vamos exemplificar um caso real: uma startup com uma solução bastante interessante foi em uma rodada de investimentos e chamou a atenção de alguns investidores. Porém, com os questionamentos da banca ficou perceptível que a empresa estava operando com uma capacidade abaixo do esperado, ainda mais para o seu mercado de atuação. Ou seja, a empresa tinha clientes, tinha uma solução válida, tinha um mercado em desenvolvimento, tinha um time qualificado, porém vendia bem menos do que poderia. Resultado: os investidores perceberam que ali havia algo errado, sentiram-se inseguros e decidiram não investir.
O problema do ponto de vista do empreendedor
Sob o ponto de vista do empreendedor o problema dele era: “Preciso de dinheiro para conseguir mais clientes”. Do ponto de vista do investidor: “Você precisa me provar que consegue mais clientes para eu te dar dinheiro”. Nesse caso os dois lados estão certos, mas quem perde mais nesse caso é a startup, então eles seguiram para um processo de aceleração.
Em uma das etapas da mentoria chegou-se à conclusão de que a empresa estava operando com 40% abaixo do esperado, inclusive tinha até certos momentos que o time ficava ocioso. Uma forma de resolver esse problema seria encerrar o contrato com alguns colaboradores pois, de certa forma, isso geraria uma redução de custos e poderia se investir na aquisição de novos clientes. O pensamento não está errado, mas, você concorda que o problema é muito mais complexo?
O fato de ter colaboradores ociosos e uma baixa performance ainda é muito raso, é como se fosse a ponta de um iceberg, era preciso entender o cenário como um todo. Então iniciamos com uma ferramenta dos “5 Por que’s?”. Nesse exercício você deve se perguntar repetidas vezes o “Por que?”, o motivo para a existência daquele problema, com o objetivo de encontrar a causa raiz, ou seja, de aumentar a sua compreensão sobre aquele problema.
Veja o exemplo abaixo:
| Problema: Estou operando 40% abaixo da minha projeção de negócio para o primeiro semestre de 2022 | |
| Pergunta | Resposta |
| Por que você está operando abaixo da projeção? | Porque eu não tenho clientes suficientes. |
| Por que você não tem clientes suficientes? | Porque eu tenho dificuldade em encontrar novos clientes e fechar novos negócios. |
| Por que existe essa dificuldade? | Porque eu não sei onde encontrar novos clientes. |
| Por que você não sabe onde encontrar o seu cliente? | Porque não há um plano de marketing. |
| Por que não existe esse plano? | Por que não há uma pessoa responsável para isso. |
Dessa forma, percebemos que não havia uma estratégia de marketing, de canais de comunicação bem definidos, isso era feito pelo time Comercial que tinham outras demandas e não tinha tempo para pensar estratégias de marketing. Nessa etapa também ficou claro que a própria startup desconhecia a importância do marketing para o seu negócio.
Depois de um processo de reflexão, os empresários perceberam que era necessário ter uma pessoa dedicada ao marketing e a geração de novos leads. Só que em uma empresa a execução nem sempre é simples, existe uma limitação de recursos financeiros, recursos humanos e até mesmo de tempo e além disso uma lista de outros problemas. Porém, o primeiro passo de encontrar o problema certo já havia sido resolvido.
Desafiador, né? Na maioria das vezes sim, mas se você tiver um problema claro e uma estratégia de negócio bem definida, é mais fácil propor caminhos assertivos e chegar a soluções mais rápido.
Para fechar, anote aí 5 dicas para você formular um bom problema!
- Sempre pergunte o “Por que?” até você sair da zona de conforto, se você encontrou a causa raiz rapidamente, provavelmente você está errado!
- Pode ser que exista mais de uma causa raiz, se puder resolver os dois, ótimo, se não priorize.
- Concentre-se em entender o “Como” e “Por que” e não “Quem” é o responsável.
- Se baseie em dados e não em achismos!
- Seja apaixonado pelo problema e não pela solução.
Tem problemas que sempre vão nos acompanhar, aprenda a lidar com eles!
Faça parte da nossa rede de startups
