“Alguém nasce para ser uma pessoa empreendedora?”
Esta é, provavelmente, uma pergunta que já passou pela cabeça daqueles que se relacionam com o mundo do empreendedorismo e inovação. Pessoas que empreendem com sucesso e que temos como referência de carreira possuem características comuns nas suas personalidades? Para empreender, é necessário ter características inatas? Essas são algumas perguntas que tentaremos responder neste texto. Venha conosco!
Existem traços comuns de personalidade entre quem empreende?
Quando falamos sobre personalidade, estamos falando da forma como nós nos comportamos, vemos e vivenciamos o mundo ao nosso redor, a maneira como nos expressamos e como lidamos com os outros. É provável que você conheça alguém que seja mais tímido, enquanto outro é mais espalhafatoso; pessoas que são mais irritadiças e outras que são totalmente “zen”; assim como pessoas que são super abertas para experiências da vida e outras que são mais conservadoras e tendem a se arriscar menos. A personalidade é o tempero que nos difere.
Sobre isso, o modelo mais aceito, com maior robustez de evidências científicas, que nos propõe explicar como a personalidade funciona é o Modelo dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade ou, simplesmente, Big Five. Nessa perspectiva, de forma simplista, a personalidade é constituída por dois fatores principais: as características inatas, agrupadas em cinco grandes traços, e as experiências de vida. Assim, existem predisposições genéticas, biológicas que nos inclinam a nos comportarmos de determinada maneira, mas essa tendência é fortemente mediada pelo ambiente em que nós estamos inseridos, como a nossa família, nossa cultura, o contato com nossos pares e assim por diante.
Com relação ao processo de empreender, nós sabemos, e já até discutimos em outros textos, que existem habilidades comportamentais que são essenciais para se empreender com sucesso. Ou seja, existem formas de se comportar que podem fornecer maiores chances de sucesso para pessoas em relação aos seus empreendimentos. Então, se existem características inatas que têm impacto sobre o nosso comportamento e o processo de empreender exige algumas características essenciais, quem nasceu com elas, nasceu para empreender, correto?
A resposta provável para esta pergunta é: talvez. A suposição feita anteriormente é fonte de discussão e tema recorrente de pesquisas científicas que buscam compreender se a pessoa empreendedora nasce ou é “feita”. É inegável que existem dados que apontam para as relações entre os traços de personalidade e comportamento, intenção empreendedora, resultados empresariais dentre outros. Por exemplo, uma pesquisa, realizada em 2020, mostrou que um grupo de empreendedores e alunos com alto índice de Intenção Empreendedora (IE) possuíam o mesmo perfil psicológico, sugerindo que existem traços comuns entre aquelas pessoas que buscam encontrar soluções e se comportam para implementar, desenvolver e realizar ideais, negócios e empreendimentos. No entanto, uma questão importante a ser discutida e levada em consideração é o outro aspecto da personalidade que, muitas vezes, é deixada de lado: O AMBIENTE.
A Educação empreendedora para a mudança
Quando éramos crianças ou adolescentes, é possível que possuíssemos alguns comportamentos, atitudes e crenças que hoje não existem mais em nós. Passamos a gostar de outras coisas, sair com pessoas diferentes, e ter desejos diferentes. Isso acontece porque as nossas experiências de vida possuem um impacto gigantesco em quem nós somos, apesar de nossas características inatas. Pense nessas características como um efeito gravitacional – nosso comportamento é fortemente puxado para elas, mas existem outras forças que podem nos levar em diferentes direções: a psicoterapia, eventos altamente significativos na vida e, no nosso contexto, processos e programas de educação para o empreendedorismo, a cargo de alguns exemplos.
Esses processos e programas podem nos ajudar a desenvolver comportamentos úteis para o empreendedorismo e não é sobre mudar a nossa personalidade, mas é tomar consciência do efeito que o nosso comportamento tem sobre o nosso ambiente e escolher agir em prol da nossa ideia e/ou negócio. Assim, nós somos capazes de adquirir outros repertórios (maneira de pensar, de agir, de se autoconhecer) através de programas de aceleração – ou programas de intraempreendedorismo – e programas de educação para o empreendedorismo. Dessa forma, o ambiente modela esses comportamentos à medida que somos gratificados quando entendemos que essas formas de se comportar e agir, de fato, aumentam as nossas chances de sucesso. Tomamos consciência e, assim, podemos escolher como nos comportar!
Por fim, é importantíssimo salientar que os traços de personalidade não mudam, pelo menos não facilmente. Eles são componentes genéticos, biológicos, selecionados evolutivamente ao longo de milhares de anos e exercem uma força sobre como pensamos e agimos. A questão aqui é que podemos adaptar essas características, sejam elas mais “favoráveis” ou não, às necessidades da nossa vida. Assim, você pode, sim, vir a ser uma pessoa empreendedora, mesmo que não “nasça” com características que facilitam o fenômeno de empreender. Se você empreende, então podemos torná-la uma pessoa que se comporta para o sucesso do seu negócio!
Gostou deste conteúdo e quer saber mais sobre comportamento, habilidades e personalidade no mundo do empreendedorismo? Sugerimos que você veja os nossos textos Habilidades essenciais para realizar um negócio próprio e o que é comportamento empreendedor? Caso tenha dúvidas, entre em contato conosco!
