Quantas pessoas tem na sua familia? Quantos empreendem?
Existe uma grande chance de que o número de empreendedores na sua familia, no seu ciclo de amizades e no seu ciclo de trabalho represente a minoria das pessoas. Porque empreender realmente é para poucos.
E isso não é exclusividade da sua bolha, quando olhamos a população mundial, os empreendedores representam 400 milhões de pessoas. Embora visto de forma isolada pareça um número alto, ele representa quase 10 vezes menos do que o número de trabalhadores e quase 7 vezes menos do que o número de pessoas jovens ou velhas demais para trabalhar. Até quando comparado com o número de desempregados, os empreendedores ficam para trás por cerca de 30 milhões de pessoas.
Mas por que será que tão poucos escolhem esse caminho?
Para começar, obviamente não existe uma única explicação e sim vários fatores que, somados, sugerem as principais razões do porque empreender ainda é exceção.
Empreender por necessidade
Muitos empreendedores não escolhem ser empreendedores, apenas seguem esse caminho porque não tiveram outras oportunidades na vida. O chamado “empreendedorismo por necessidade” engloba todos aqueles que começaram o seu carrinho de pipoca, a sua loja online de artesanato ou o restaurante da esquina, não porque empreender era uma oportunidade, porque tinham um dom, ou mesmo um sonho que queriam alcançar. Esses empreendedores na verdade se viram sem emprego e sem perspectiva de conseguir um e por isso encontraram no empreendedorismo o seu sustento.
Muitos tem a tendência de transitar entre o empreendedorismo e empregos, como funcionário, ao longo da vida. Portanto não SÃO empreendedores, ESTÃO empreendedores.
Direcionamento do sistema educacional
Nosso sistema educacional vigente atualmente tem como origens a revolução industrial. Ao automatizar processos fabris começamos a demandar menos mão de obra de construção e cada vez mais mão de obra especializada. Assim, o ensino das escolas já não era o suficiente, trazendo a necessidade de especializações de cursos técnicos, depois de graduações universitárias e hoje, inclusive, de pós-graduações para diversas posições nas empresas.
Mas independente da área, esses caminhos de formação acabam tendo um fim comum, a conquista de um emprego melhor, com melhores salários e benefícios. Isso fez historicamente que não existissem tantos cursos para a formação de empreendedores, o que faz com que esse grupo se torne quase autodidata.
Direcionamento evolutivo
Por mais que tentemos enxergar o ser humano como um ser a parte, com características completamente distintas dos outros animais, a verdade é que o caminho que nos trouxe até aqui é a mesma evolução que atuou sobre todas as espécies que conhecemos.
A evolução indica que existe uma seleção natural dos indivíduos de forma a manter a espécie viva. Para que uma espécie consiga se adaptar é saudável a presença de alguns indivíduos se arriscando, explorando novos ambientes, experimentando novas comidas, desafiando outras espécies.
No entanto, se muitos indivíduos da espécie tem tendência de correr risco, a chance de que aquela espécie sofra com grandes perdas e, eventualmente, deixe de existir aumenta. No nosso contexto de sociedade hoje, os empreendedores representam esses desbravadores dispostos a correr riscos.
Cultura familiar
Lembra quando eu perguntei no início do texto quantos empreendedores existem na sua familia? Se você lembrou de muitas pessoas ou de pessoas marcantes na sua vida, existe uma grande chance de que você seja ou pretenda empreender. Se nenhuma das duas possibilidades, no mínimo, existe a possibilidade de você encarar o empreendedorismo como uma opção de caminho, mesmo que não seja a sua primeira.
A maior parte dos países não tem uma cultura de incentivo ao empreendedorismo dentro das famílias. E isso explica um pouco porque empreender ainda é um caminho menos comum. As crianças são incentivadas a pensar qual a profissão que terão no futuro, sem nunca considerar empreender. É muito mais comum uma criança querer ser cozinheira, ao invés de dona de restaurante, ou médica, ao invés de proprietária de uma clínica.
Alguns países ou localidades nesses países tem isso como parte da sua cultura. É o caso dos EUA. Crianças são incentivadas a abrir suas barraquinhas para vender limonada no verão e terem a sensação de ganhar o próprio dinheiro.
Aqui no Brasil ainda é comum um empreendedor, quando questionado por seus amigos e parentes sobre o que faz da vida, escutar frases como: “Mas não conseguiu emprego na sua área não?”.
Bem, se você é ou quer ser empreendedor, saiba que esse caminho é para poucos, mas nem por isso não deve ser para você. Se os empreendedores por um lado costumam ter o caminho mais difícil, são eles que provocam as mudanças no mundo.
Para saber mais sobre empreendedorismo e inovação, acompanhe os conteúdos do Bizcool na Rede e o blog Troposlab.