É preciso entender como os recursos que estão à disponibilidade da empresa podem ser utilizados de forma estratégica, com o objetivo de garantir uma vantagem competitiva sustentável. O cenário macroeconômico do país, sobretudo nos últimos meses, vem ressaltando a escassez de iniciativas inovadoras nos portfólios de desenvolvimento de novos negócios. De acordo com os dados do IBGE, antes da pandemia da COVID-19, bem como os dados do Global Report Monitor GEM (2019/2020) , durante esta pandemia, mais negócios foram fechados do que abertos.
Departamentos de inovação se ocupam, majoritariamente, por projetos incrementais: fazer mais do mesmo com maior eficiência e eficácia, principalmente neste contexto de incertezas.
Um grande desafio na execução de projetos de alto risco é o gerenciamento de portfólio, envolvendo a maneira como os executivos tomam decisões de investimento em P&D, por exemplo. Podemos citar ferramentas financeiras como valor presente líquido e índices de produtividade – metrificadas a partir de produtos consolidados – que geralmente acabam por matar iniciativas inovadoras.
Mas afinal, qual é a solução? Parte dela passa pelo delineamento dos pontos fundamentais para geração de vantagem competitiva sustentável dos recursos aplicados. É importante que esses pontos estejam claros antes, durante e após a execução do projeto.
Em outras palavras, é necessário compreender como os recursos disponíveis para a empresa podem ser utilizados de maneira estratégica, visando constituir uma vantagem competitiva sustentável, que desenvolveremos com mais detalhes a seguir.
Frequentemente os processos de inovação geram um ganho secundário, revelando recursos valiosos que já estavam presentes na companhia, mas que, de alguma forma, ainda não haviam sido descobertos.
Independentemente de sua natureza, recursos podem ser ativos, capacidades, processos, atributos, informações e conhecimentos. Assim, eles podem ser utilizados para criar estratégias que irão ampliar a eficiência e efetividade da organização, gerando o que podemos chamar de vantagem competitiva.
Do que se trata uma vantagem competitiva?
A vantagem competitiva em si é quando implementamos uma estratégia de geração de valor que não está sendo executada pelos nossos concorrentes. As premissas assumidas neste modelo são:
- As firmas podem controlar recursos estratégicos diferentes. Aqui, o controle pode acontecer de diversas formas, por exemplo: licenças, patentes internacionais, domínio técnico e tecnológico etc.
- Esses recursos não são perfeitamente móveis, ou seja, eles não podem ser facilmente transferidos de uma empresa para outra. Isso favorece o prolongamento da vida útil desses recursos.
Elementos da vantagem competitiva sustentável
É importante ressaltar que, estrategicamente as empresas concorrentes estarão atentas a vantagem competitiva, de modo que tal vantagem não permaneça nesta posição por muito tempo de maneira eficaz. Assim, a vantagem competitiva será sustentável ao se provar efetiva frente a concorrentes atuais e potenciais
Ou seja, não diz respeito somente à longevidade, mas, antes de tudo, à proteção que ela nos garante de que concorrentes não a estão explorando. Sejam estes concorrentes atuais, ou em potencial.
Após cumprir todos esses critérios, nós temos aqui os quatro elementos fundamentais para geração de vantagem competitiva sustentável:
1) Valor
O recurso melhora a eficiência e eficácia da firma, ajudando a explorar oportunidades ou neutralizar ameaças. Aqui, nós não estamos falando de qualquer geração de valor, mas de uma geração de valor estratégica, que contribui diretamente com os objetivos da empresa.
2) Raridade
O recurso deve ser raro entre concorrentes no mercado, de forma que não permita a muitas empresas executar a mesma estratégia de geração de valor. Quanto mais restrito for o conhecimento acerca deste recurso, maior será o seu ganho competitivo.
3) Imitabilidade perfeita
O recurso não deve poder ser imitado com perfeição. Ou seja, as características particulares do projeto e as suas interações tornam impossíveis cópias idênticas. O desenvolvimento dessas características particulares deverão apresentar algum desses elementos:
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- Dependência da história: foi adquirido em circunstâncias que não podem se repetir;
- Ambiguidade causal: o recurso não é totalmente ou parcialmente compreendido como estratégico;
- Complexidade social: o recurso gerando a vantagem é socialmente complexo.
4) Substituibilidade
Não deve haver um substituto, direto ou funcional, que também não seja raro ou imperfeitamente imitável. Em outras palavras, é possível que outro produto resolva o mesmo problema por um caminho totalmente diferente, sendo essa uma possibilidade que deve permanecer sempre no horizonte dos líderes do projeto.
Tudo isso só surtirá o efeito desejado se houver sintonia entre os envolvidos. Um clima e uma cultura que proporcionem a tendência para assumir projetos arriscados de maneira completa ajuda na construção de um portfólio inovador.
A solução completa está além do gerenciamento de portfólio. No entanto, promover o clima e a cultura certos e usar métricas de desempenho adequadas para proporcionar investimentos mais ousados é uma direção que as empresas devem seguir.
Para você saber mais sobre a coordenação de portfólio dentro do contexto de inovação, convidamos você a continuar essa leitura através do texto “Tudo sobre a gestão de portfólio de inovação”, disponível em nosso blog.
Apesar de desafiante, a construção de uma estratégia capaz de identificar os caminhos certos para a inovação do seu negócio será, em última análise, o seu motor de crescimento!