Fail fast: como praticar o fracasso produtivo.

Hoje as grandes empresas já estão mais familiarizadas com conceitos do mundo de desenvolvimento rápido como é o caso do fail fast. Mas conhecer o conceito não quer dizer necessariamente saber praticá-lo.

O que é fail fast?

Fail fast ao pé da letra significa falhar rápido, mas a ideia é mais profunda do que isso. O conceito se refere ao processo de realizar testes o quanto antes, para aprender com rapidez e a longo prazo, acertar mais rápido e gastando menos dinheiro no processo.

Para implementar um processo de fail fast uma empresa já consolidada enfrenta algumas dificuldades, a maior dela está relacionada a cultura e a estrutura já existente que punem o erro, punindo indiretamente a inovação.

Imagine um grupo de 10 analistas que acabaram de entrar na empresa e vão subir na hierarquia da empresa nos próximos anos. Vamos imaginar que 5 deles arriscam novas ideias e os outros 5 sempre apostam nas soluções mais seguras.

Os 5 que arriscam mais, podem acertar ou errar, e infelizmente para ideias mais disruptivas a chance de erro é maior. A maioria das estruturas irá premiar aquele que acerta (com uma promoção por exemplo) e punir aquele que erra, muitas vezes com a demissão. Nesse caso, dos 5 que arriscaram mais, apenas 2 continuarão na empresa, com sorte.

Já no caso dos 5 que apostaram em soluções mais seguras, irão ganhar benefícios menores e terão menos chances de serem punidos. Talvez 4 ou até os 5 continuarão na empresa.

Isso se repete a cada cargo (coordenadores, gerentes, diretores). Os que se arriscam menos, eventualmente sobem de cargos e tem mais chance de continuar. Ao longo de anos e gerações de profissionais, eles se tornam a maioria dentro de uma empresa. Já os que se arriscam mais crescem rapidamente na carreira, mas eventualmente cometem um erro que os tira da empresa ou se sentem presos dentro de uma estrutura onde a maioria é avessa ao risco.

Essa é a mentalidade que existe dentro das empresas hoje e é por isso que o fail fast ainda tem dificuldade de ganhar força, porque o entendimento lógico do que seria o fail fast (falhar rápido) é contrário à forma de pensar e à cultura das empresas. No entanto, se começarmos a falar de fracasso produtivo o entendimento muda.

Fail fast x fracasso produtivo.

O fracasso produtivo foca no aprendizado que aquele erro trouxe para a empresa e não na rapidez do processo. Inevitavelmente ele fará com que o processo seja mais rápido, mas a forma com que isso é entendido pela cabeça das pessoas muda.

O termo fracasso produtivo ou falha produtiva diferencia o erro focado no aprendizado do erro por incompetência, que existe e deve ser minimizado pelas empresas.

Para dar um exemplo da diferença dos dois:

Um supervisor de montagem está tentando melhorar a sua linha de produção, para isso ele tenta ao longo de uma semana 7 maneiras diferentes de organizar os operadores dessa linha, medindo o quanto cada organização gera de produção. A produção normal da linha era de 700 unidades por semana, nunca passando de 105 unidades por dia. E ele obteve os seguintes resultados aquela semana: dia 1 – 66 unidades, dia 2 – 77 unidades, dia 3 – 88 unidades, dia 4 – 87 unidades, dia 5 – 98 unidades, dia 6 – 96 unidades e dia 7 – 128 unidades. O total da semana foi de apenas 640 unidades, mas ele aprendeu com os vários testes que fez e conseguiu descobrir uma maneira de aumentar a produção para 128 unidades.

Isso é o fracasso produtivo.

É bem diferente de um supervisor que não coordena bem a sua equipe e tem uma semana com produtividade oscilante entre 70 e 100 unidades totalizando as mesmas 640 unidades naquela semana.

Mesmo que o supervisor 1 não tivesse alcançado o patamar de 128 unidades, o esforço dele teria sido válido, pois o intuito e o processo de aprendizado foram pensados para melhorar ainda mais o que já existia, ou para criar um caminho alternativo.

No fim das contas, não importa o termo que a sua empresa escolher usar, desde que o conceito esteja claro. Errar faz parte do processo de aprendizado. Todo teste deve ser direcionado para construir mais valor e as etapas do processo medidas.


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Por |2022-11-04T10:14:07-03:0018/03/2021|empreendedorismo|

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Atuo no mundo da inovação desde 2008. Já atuei em incubadora, consultoria e aceleradora, acelerando mais de 900 startups. Sou formado em Ciências Biológicas e Especialista em Gestão, e por isso gosto de misturar mundos diferentes para trazer mais inovação para o meu dia-a-dia. Coordeno os programas da Troposlab e crio novas metodologias de aceleração, atuando diretamente com mais de 50 grandes empresas. Além disso, tenho um lado nerd (ficção científica, heróis, histórias de aventura, etc).
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