Inovação no gov. da Dinamarca por meio do Design Thinking

Antes de iniciarmos essa nossa conversa eu tenho uma pergunta: O que é Design Thinking?

  1. um método de inovação.
  2. um método de resolução de problemas complexos.
  3. um método usado para gestão de projetos.

Dentre as alternativas, qual você acredita que seja a correta? 

Se você escolheu A, apesar do Design Thinking ser um método que as empresas adotam para inovar, a inovação só ocorre de fato quando a solução é implementada, por isso não podemos considerá-lo um método de inovação.

Se você respondeu a alternativa C, saiba que o Design Thinking pode ser considerado um projeto, afinal tem início, meio e fim, porém não é um método para gestão de projetos. Inclusive, para gestão de projetos existem muitas outras formas muito mais eficientes. 

Se você respondeu a alternativa B, parabéns você acertou! O Design Thinking tem como objetivo resolver problemas complexos. Obviamente ela não é a única metodologia para resolução de problemas, existem outras, mas há duas especificidades que a tornam diferente dos demais métodos que são: experimentação e a possibilidade obter fatos até então desconhecidos. Porém nem sempre foi assim… 

Origem do Design Thinking. 

John Arnold, era professor e pesquisador da Universidade de Stanford e estudava a criação de processos criativos e inovadores e teve a seguinte ideia: E se nos juntássemos as Artes e a Engenharia?

A ideia dele foi reunir um grupo de estudantes de Engenharia com um olhar voltado para dados e processos e também um grupo de estudantes de Artes com um mindset criativo para um experimento (isso lá pela década de 1950). As pesquisas renderam bons frutos e ele já falava do termo linguagem da inovação, inclusive chegou a dar consultorias sobre o seu método em empresas. Mas, John teve uma morte prematura, faleceu aos 50 anos de um ataque cardíaco e não teve tempo de aprofundar os seus estudos. Anos depois vieram outros pesquisadores como Bob McKim, Matt Kahn, David Kelley, Matt Kahn e Rolf Foste.

Mas, foi apenas em 2004 que o Design Thinking despertou o grande interesse das empresas, isso porque Tim Brown, CEO da Ideo e uma das principais referências em Design Thinking, estampou a capa de uma revista de negócios. A partir dali, o Design Thinking passa a ser visto como uma metodologia de inovação e resolução de problemas complexos nas empresas.

Há quem se confunda e acredite que o Design Thinking é um processo de inovação apenas para grandes empresas, mas não é bem assim. O Sebrae, por meio do Programa Agente Local de Inovação, trabalha os princípios do Design Thinking com pequenas empresas e tem obtido bons resultados e impactos financeiros. 

Aqui apresentamos um case, mas existem muitos outros sobre como o Design Thinking de fato pode mudar a realidade dos negócios. Vamos te contar sobre um processo inovador do governo dinarmaquês que tinha o seguinte desafio: Como nós podemos melhorar a qualidade da comida oferecida aos nossos idosos?

Para resolver tal questão a equipe do governo convidou a Agência de Inovação e a Hatch & Bloom para trabalhar esse desafio por meio de um processo de Design Thinking.

As informações preliminares cenário eram as seguintes: 

  • 125 mil idosos tinham algum tipo doença e, parte deles, problemas de mobilidade e dependiam de refeições fornecidas pelo governo da Dinamarca;
  • Cerca de 60% dos usuários tem problemas de nutrição;
  • E, desses, 20% destes sofrem de subnutrição;

A partir desse cenário, a consultoria planejou uma ida a campo, que incluiu entrevistas com especialistas, com idosos, funcionários que prepararam as refeições, além de observação no local que se preparava a refeição e também na casa dos idosos. 

Durante a pesquisa de campo, eles perceberam que os funcionários que preparavam essas refeições não se sentiam valorizados por ter um estigma que produziam comidas baratas e não eram vistos como chefes de cozinha ou bons cozinheiros. 

Sendo assim, o escopo do projeto foi ampliado para levar em consideração esse público que estava diretamente envolvido no problema. Ao sintetizar os dados da ida a campo a consultoria encontrou os seguintes cenários: 

  1. Os sentimentos dos envolvidos não estavam sendo levados em consideração. 
  2. Idosos: eles sofriam com um estigma social por dependerem de refeições do governo; não participar das escolhas e decisões; detestar comer sozinhos; e quanto menos apreciam a comida, mais perdem o apetite.
  3. Funcionários da cozinha: estavam desmotivados por fazerem refeições rotineiras de baixo custo, tinham baixa autoestima, mesmo sendo capazes e responsáveis. 

Ao analisar os dados da ida a campo, o grupo partiu para a ideação de uma solução e fizeram isso em um workshop de cocriação que envolveu funcionários que trabalhavam com idosos, idosos, representantes do governo, cozinheiros, entre outros. Juntos chegaram em uma possível solução: e se o serviço público de fornecimento fosse um restaurante?

Para ver o quanto a solução é de fato efetiva, eles precisavam partir para a etapa de experimentação e criaram três modelos de cardápio para testar as suas hipóteses. O primeiro deles tinha cores distintas, o segundo fotos e ilustrações e o terceiro avaliações e sugestões. 

A partir daí começaram a colher novos feedbacks e entender aceitação dos idosos com cada um dos menus e chegaram em cinco soluções:

  • Novo cardápio com descrições das refeições;
  • Nova embalagem para as refeições;
  • Novos uniformes para os funcionários;
  • Novo nome para o programa (Good Kitchen); 
  • E o principal: um novo canal de comunicação entre os idosos e os funcionários, com newsletter e cartões de comentários (analisados semanalmente). A partir daí os idosos puderam dar feedbacks e elogios para os cozinheiros, além de se envolver no processo de aperfeiçoamento dos pratos, se tornando parte do processo. 

A principal reflexão aqui é: será que, somente analisando relatórios sobre a alimentação servida aos público-alvo, descartando a etapa de ida a campo, eles chegariam na mesma solução? Possivelmente não, e esse é um dos diferenciais do Design Thinking.

Mas vale ressaltar que não basta apenas ir a campo, é preciso estar disposto a descobrir novas questões e uma das formas de fazer isso é com a escuta ativa.


 

Por |2023-05-22T12:37:27-03:0001/03/2023|ferramentas e metodologias de inovação|

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Sobre o Autor:

Eu sou a Juliana, tenho 30 anos, sou formada em jornalismo e mestre em Comunicação! Há uns 3 anos, quando era Agente de Inovação no Sebrae descobri que eu era apaixonada por negócios e inovação. No último ano, me dediquei a entender mais sobre metodologias ágeis, comunicação corporativa e experiência do cliente. Nas horas livres, eu adoro tomar uma cervejinha, sair com os meus amigos e devido a idade - é gente, chega para todo mundo - estou buscando um estilo de vida mais saudável!
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