O futuro liderado pelo feminino

  • O futuro liderado pelo feminino

Enquanto a corrida por uma produtividade desenfreada nos proporcionou um presente pautado pela desigualdade, o futuro anseia pelo feminino. 

O que exatamente isso significa? 

Podemos partir da premissa de entender quais são essas tais características femininas, ou melhor, características historicamente associadas ao feminino por um interesse da sociedade em atribuí-las e limitá-las a uma questão de gênero ou a um corpo com um cromossomo X no lugar do Y.

Definir algo por feminino ou masculino, nesse caso, não faz muito sentido, porém partimos do que é até então ligado aos arquétipos, no intuito de entender o liderar pelo feminino de uma forma independente do corpo. 

A percepção usual que temos da figura de um líder ainda é pelas características ditas masculinas. As características como racionalidade, poder, força, praticidade e capacidade de decisão são super valorizadas profissionalmente em uma compreensão de que liderança é sinônimo de poder, um conceito ainda hierárquico e limitado.

Nas mulheres, as características masculinas sempre foram muito incentivadas para conquistar avanços profissionais e para “sobreviver” no mercado, muitas vezes anulando as demais. Por outro lado, as características femininas nos corpos masculinos são desestimuladas, associadas a sinal de fraqueza e falta de “pulso firme”. 

Acolhimento, cuidado, zelo, empatia, sensibilidade e intuição são algumas características associadas ao feminino, nem sempre consideradas até então como competências. 

Por isso, vemos como importante salientar os ganhos reais que temos com a liderança pautada nos valores ditos femininos e trabalhá-los em todos os gêneros, para criarmos soluções a partir de um futuro emergente.

Dentre os 17 objetivos globais definidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a igualdade de gênero constitui o apelo pela prosperidade e contribui para o atingimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS). Essa agenda alerta para medidas ousadas que são urgentemente necessárias para um mundo próspero.

O documento ainda evidencia a importância do papel da mulher na liderança, tomada de decisão e na tecnologia.

ODS 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas

5.5 Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública

5.b Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres

Olhar para as necessidades do futuro e dar espaço para que o feminino também protagonize lideranças políticas, econômicas e públicas, deixa de ser apenas um desejo socialmente viável. Quando salientamos que a colaboração pode potencializar a inovação estamos falando também de habilidades do feminino que devem vir à tona na figura da líder.

Independente dos corpos e identidade de gênero, a liderança do futuro, ou melhor, presente emergente, transita pelos dois extremos, em busca do equilíbrio, enxergando o potencial através do humano.

Se ansiamos genuinamente pela diversidade, a ciência, a inovação, a tecnologia e tantas outras áreas, estas não podem ser contidas pela lacuna de gênero. A quebra das barreiras da diversidade passa por retirar as mulheres das margens e avançar numa agenda que potencializa lideranças plurais.

Neste sentido, vale refletir: o que temos feito no presente para que esse futuro se consolide? Num contexto predominantemente patriarcal, que desvaloriza a pluralidade e a própria transgeneridade, é possível que tomemos as decisões que precisam ser feitas, considerando os conflitos de interesse de quem predominantemente detém o poder? O quanto estamos preparados para equidade?

Indicadores do IDH que avaliam que apesar das mulheres terem nível de escolaridade maior do que os homens, possuem rendimentos 41.5% menores.

Na ciência, uma pesquisa realizada por Barros e Mourão (2020), na qual se analisou a produção de pesquisadores do CNPq de 2013 a 2016, verificou-se que, apesar de não haver diferenças significativas em relação à produção científica de homens e mulheres, os homens representam 63% dos bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq e se considerar o nível mais elevado da carreira, que é PQ1A, somente 23% das mulheres atingiram esse nível.  

A verdade é que masculino ou feminino, estamos todos cansados do relativismo. Observar o desenvolvimento do feminino no ambiente vai além da corporalidade e passa a ser um avanço na direção de dar espaço para humanidades. Não podemos dizer que seja um processo simples, como toda mudança, rompe padrões e encontra resistências, principalmente quando falamos de feminino e a busca por uma gestão mais humana. 

Liderança horizontal, inclusiva e orientada às pessoas: esta é uma forma respeitosa e orientada ao futuro de liderar. 


Obs: Este texto foi elaborado a partir de um debate conjunto entre o time de mulheres da Troposlab, traduzido em palavras por Elena Campos (Agente de Aceleração) e Fernanda Vilasboas (Líder de Projetos).

Por |2023-05-22T12:35:13-03:0030/03/2022|gestão e liderança|

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