O que um investidor busca em uma startup e você não sabe

Investidores aprendem a olhar vários pontos de um negócio para analisar o risco de investimento e o potencial de retorno. Os principais pontos olhados são comuns para muitas startups: time, tamanho de mercado, grau de diferenciação, modelo de receita, tração e vários outros pontos relacionados ao seu modelo de negócios.

Isso tudo continua sendo fundamental para a análise, são os primeiros pontos a serem observados e é com eles que você deve se preocupar em 90% do seu tempo. Mas queria aproveitar esse post para falar dos outros 10%, o que mais o investidor olha que não está nessa lista de atributos principais?

1- Cap table

O Cap Table nada mais é do que a divisão societária da sua empresa. Por que o investidor se preocupa com isso? Por várias razões diferentes.

Em primeiro lugar, sócios que não fazem parte do dia a dia do negócio muitas vezes não são bem vistos. Às vezes você tem um sócio que foi importante no ano 1 e depois não participa mais da rotina. Esse sócio, embora tenha tido sua participação no negócio, hoje talvez não agregue mais nada. Quanto maior o percentual desse tipo de sócio pior o negócio do ponto de vista de um investidor.

Em segundo lugar, os investidores se preocupam se o empreendedor cedeu equity (percentual da sua empresa) em excesso nas primeiras rodadas de investimento. Nas etapas de aceleradora, anjo e primeiro fundo, é de se esperar que cada um desses pegue entre 5-15% de equity, no máximo. Para que você chegue em uma rodada de série A com 65-70% da empresa ainda na mão dos fundadores. Quanto mais diluídos os fundadores estão, menor tende a ser a motivação deles, que estão no dia a dia do negócio.

Por fim, divisões muito discrepantes entre os fundadores tendem a transparecer uma relação hierárquica e não de sociedade. Por exemplo quando um possui 90% do negócio, outro 7% e o terceiro 3%.

2- Número de sócios

Tanto um número excessivo quanto um número muito reduzido costumam ser ruins para um negócio.

Empreendedores solitários, que não possuem sócios, costumam ser fechados a novas ideias e não atender a todas as competências necessárias para o negócio. Por outro lado, empresas com muitos sócios (mais de 6 por exemplo) estão mais propensas a atritos e/ou lentidão nas tomadas de decisão.

Idealmente seu negócio deverá possuir de 2-5 sócios executivos nas etapas iniciais.

3- Passivos do negócio

Hoje é quase impossível começar um negócio 100% dentro das regulamentações do mercado. Em primeiro lugar, pela complexidade das diversas leis, tributos e regras envolvidos; em segundo lugar, pelo peso que a carga tributária possui nos negócios no Brasil.

É muito comum que startups comecem sem CNPJ, contratando por CNPJ ou enchendo a equipe de estagiários; que ela não entenda todos os tributos que precisa pagar ou não emita notas fiscais para tudo o que faz. Quanto maior o volume dessas práticas e maior o tempo, maior o risco para a empresa. Um investidor olhará isso e colocará na balança de risco e retorno que enxerga no negócio.

Dependendo do passivo, ele pode ser ignorado, pode-se direcionar uma parte do recurso para pagar os passivos anteriores ou mesmo ser a razão do cancelamento do investimento.

4- Dedicação dos founders

O primeiro investidor de todo o negócio é o empreendedor que começou ele. Além de dinheiro, esse empreendedor investe um bem super importante da sua vida: o tempo. Quem opta por empreender está escolhendo abrir mão de um determinado salário que ganharia no mercado (provavelmente maior do que o que ganha na própria empresa) e do currículo profissional que estaria construindo. Isso obviamente tem o seu valor e mostra como esse empreendedor acredita no futuro do negócio que está construindo.

Alguns empreendedores no entanto, por escolha ou por falta de opção, acabam conciliando o caminho de empreender com outro caminho profissional. Seja para não arriscar tudo, seja para colocar comida na mesa.

Os investidores entendem isso, mas quando colocam na balança dois negócios de igual potencial e em um deles os empreendedores estão full time e no outro apenas part time, a balança tenderá para aqueles que estão 100% dedicados ao negócio. Esses empreendedores já colocaram muita coisa em risco e por isso se dedicam mais e em geral passam com mais sucesso pelos percalços do caminho.

5- Opções de saída

Os investidores não estão no negócio de investir em empresas. Estão no negócio de vender empresas ou, pelo menos, a sua parte nessas empresas. Tão ou mais importante do que o investimento bem feito é a saída bem feita. Por isso, os investidores estão atrás de negócios que podem ser vendidos no futuro e/ou suas participações serem adquiridas por outros investidores.

Dessa forma, eles vão olhar para como são as operações de M&A do seu mercado. Ou seja, quais são os casos de compras e fusões de empresas. Ou como estão as operações de outras rodadas de investimento ou mesmo processos de IPO (lançamento da empresa na bolsa). Essas são as opções que ele tem para sair do seu negócio quando ele estiver mais maduro. Se ele não enxergar a possibilidade desse momento no futuro, não irá nem entrar no seu negócio.

Por fim, volto a dizer o que começou essa conversa. O principal ponto do investidor é que você tenha um bom negócio, mas esses são alguns pontos que farão parte da análise dele antes de entrar no seu negócio.


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Atuo no mundo da inovação desde 2008. Já atuei em incubadora, consultoria e aceleradora, acelerando mais de 900 startups. Sou formado em Ciências Biológicas e Especialista em Gestão, e por isso gosto de misturar mundos diferentes para trazer mais inovação para o meu dia-a-dia. Coordeno os programas da Troposlab e crio novas metodologias de aceleração, atuando diretamente com mais de 50 grandes empresas. Além disso, tenho um lado nerd (ficção científica, heróis, histórias de aventura, etc).
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