Por que criar um ecossistema de inovação e empreendedorismo?
Já exploramos um pouco sobre as lições que grandes empresas podem aprender com a natureza, usando o conceito de ecossistemas. Neste artigo gostaria de oferecer-lhe um lugar no seu ecossistema, para que você tenha mais elementos para criar uma estratégia de inovação adequada para sua empresa.
Mas por que é interessante falar de ecossistemas? No contexto de inovação e empreendedorismo, eles são um conjunto de agentes ou personagens que atuam numa determinada região, sob a influência dos mecanismos regulatórios ou características de mercado, e que buscam fazer com que os negócios se desenvolvam. Portanto o fomento a um ecossistema pode ser uma forma de construir um futuro duradouro para sua empresa, mas não é algo simples de fazer, pois são muitas as variáveis envolvidas.
Por que empreendedorismo? Vale ressaltar que atrelamos à “inovação” o “empreendedorismo” porque acreditamos que empreendedores são os responsáveis por enfrentar barreiras e descobrir novos caminhos para viabilizar negócios, projetos e movimentos, dentro e fora das empresas. Esse é o motivo pelo qual temos visto grandes empresas realizando programas de intraempreendedorismo, buscando fortalecer a cultura de inovação e, por consequência, contribuir para seu ecossistema de inovação e empreendedorismo.
Exemplos de comunidades ligadas a um ecossistema
Apenas como exemplo das possibilidades de um ecossistema, queria citar o San Pedro Valley e o Mining Hub, ambos em Belo Horizonte. O primeiro é uma comunidade de startups criada pelos próprios empreendedores, com o objetivo de fomentar inovação e empreendedorismo ao estilo do Vale do Silício. A segunda é uma comunidade formada por iniciativa das grandes empresas de mineração do estado, com o objetivo de ventilar a inovação em seu ecossistema, gerar desenvolvimento e resultados.
Ambas conseguem puxar pautas culturais, tecnológicas e até políticas para influenciar o ambiente em que se encontram e favorecer o crescimento do ecossistema como um todo. Em 2016, por exemplo, a comunidade do San Pedro Valley convidou candidatos às eleições municipais para apresentar seus projetos e planos para trabalhar com inovação na cidade. Isso fez com que surgissem projetos mais consistentes e adequados para o contexto da inovação e empreendedorismo.
Cuidado com a identidade cultural
Vale fazer uma breve ressalta aqui, sobre esses exemplos acima. Um deles eu disse que se inspira no Vale do Silício, mas cada ecossistema de inovação e empreendedorismo tem uma realidade própria, atrelada aos agentes que o compõem. Não basta “imitar” o que os outros fizeram. É preciso identificar as principais funções que ele deve ter e desenvolver ações próprias que carreguem sua identidade cultural.
Os agentes do ecossistema
O que você pode fazer para contribuir num ecossistema? Imagine que ele é como um jogo de aventura, com personagens que têm diferentes papeis, especialidades e responsabilidades.
Identificamos que normalmente existem 8 principais agentes ou personagens que podemos ser ou ativar dentro de um ecossistema:
- Empreendedores
- Investidores
- Aceleradoras
- Incubadoras
- Universidades
- Governo
- Organizações setoriais
- Comunidade
Qual desses papeis sua empresa pode exercer? Em qual ela teria maior facilidade ou força para atuar?
Para ajudar a responder essa pergunta, aqui vai um breve descritivo de cada um:
Empreendedores | É quem tem o maior poder de influência no ecossistema e cujas ações mais transformam a realidade. Ele viabiliza novos negócios gerando desenvolvimento econômico, tecnológico e social. |
Investidores | Viabilizam saltos de crescimento dos negócios. Podem ser corporativos (Corporate Venture), investidores-anjos, de capital semente, Venture Capital etc. São muito influentes por darem acesso a capital, mas dependem dos empreendedores para gerar resultados. |
Aceleradoras | Investem, nem sempre financeiramente, nos estágios mais iniciais do negócio. Oferecem mentoria, ajudam a direcionar e encontrar o mercado, ajudam na busca de investidores. Podem ser parceiros importantes no desenvolvimento do ecossistema. Seus programas duram, em média, de 3 a 6 meses. |
Incubadoras | Geralmente vinculadas a universidades, acolhem empresas e oferecem espaço físico e capacitação. Tradicionalmente seus programas duram mais de 6 meses. As incubadoras têm mudado seu foco e metodologias e atuado cada vez mais como aceleradoras. |
Universidades | As universidades possuem um papel importante de formar talentos empreendedores e técnicos, além de adensar o potencial tecnológico da região. |
Governo | No Brasil, o Governo tem tipo o papel de impulsionar o ecossistema de inovação e empreendedorismo, seja através de programas, políticas específicas ou apoio (financeiro, de comunicação e visibilidade). Nas localidades mais “imaturas” ele é capaz de catalisar fortemente o desenvolvimento do ecossistema. É importante que não seja o principal líder, mas pode ajudar a articular para que as lideranças possam emergir. |
Organizações setoriais | Organizações como Sebrae, Federações da Indústria ou do Comércio são importantes parceiros e podem ajudar a desenvolver os novos negócios, adotar novas tecnologias, criar e viabilizar programas de integração com outros ambientes econômicos, que podem catalisar o surgimento de vocações regionais de um segmento ou tecnologia. |
Comunidade | O ecossistema onde a comunidade como um todo conhece e participa das ações e da cultura de inovação e empreendedorismo se beneficia em vários níveis. Desde a valorização profissional que coloca o empreendedorismo como uma boa opção de carreira até a adoção local de novas tecnologias ali desenvolvidas. |